A startup Neuralink, de Elon Musk, realizou uma transmissão ao vivo na qual demonstrou Noland Arbaugh, o primeiro paciente a receber o chip cerebral, jogando xadrez online por meio do implante. Arbaugh, que ficou paralisado após um acidente, conseguiu controlar o cursor do laptop e jogar xadrez apenas com seus pensamentos, graças ao dispositivo da empresa de Musk.
Durante a live, realizada no X (antigo Twitter, outra empresa de Musk), Arbaugh compartilhou sua experiência sobre o procedimento cirúrgico e a funcionalidade do chip. O paciente destacou a simplicidade da cirurgia e a ausência de efeitos colaterais cognitivos. O implante foi realizado em janeiro, conforme anunciado pelo bilionário.
Contudo, a Neuralink enfrentou escrutínio regulatório, pois inspetores da Food and Drug Administration (FDA) – a Anvisa dos EUA – identificaram problemas relacionados à manutenção de registros e controles de qualidade em experimentos com animais conduzidos pela empresa. Este fato veio à tona após a Neuralink anunciar a autorização para iniciar testes de seus implantes cerebrais em humanos.
A empresa não comentou os achados da inspeção do FDA, o que levantou questões sobre as práticas internas de controle de qualidade e manutenção de registros da Neuralink, especialmente em relação aos preparativos para seus experimentos clínicos em humanos.
O chip da Neuralink foi desenvolvido com o objetivo de ajudar pessoas com algum tipo de paralisia, como tetraplegia. Mas sua suposta capacidade de permitir aos seres humanos controlar o movimento de objetos com a mente tem causado polêmica ao redor do mundo. Apesar de animados com a novidade, cientistas também têm demonstrado preocupação com o dispositivo.
Em entrevista à revista Nature, cientistas questionaram a transparência da companhia de Musk em relação ao experimento. O ensaio do teste do chip cerebral em humanos não foi registrado no repositório ClinicalTrials.gov, que conta com curadoria do Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, por exemplo. O repositório serve de referência técnica a muitas entidades.
O neuroengenheiro da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Tim Denyson, destaca que não há informações, por exemplo, de em que lugar a empresa está realizando as implantações e de quais resultados serão avaliados.
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Ascenda Digital Mídia LTDA.