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Florianópolis é, oficialmente, capital nacional das startups. E de agora em diante?

O reconhecimento pela lei 14.995 é um marco para o ecossistema da cidade, mas quais os desafios que esta conquista representa para o futuro do setor – e do desenvolvimento sócio-econômico da Capital?

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Foto: Christian von Koenig (Unsplash)

Florianópolis pode ser considerada, por lei, a “capital nacional das startups”. É o que confere a Lei 14.995/24, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (02.09), chancelada pelo ministro da Justiça Ricardo Lewandowski e pelo presidente Lula, após solicitação do poder Legislativo. 

O reconhecimento, ainda que imaterial, é significativo para o ambiente de tecnologia que a capital catarinense começou a desenvolver nas últimas quatro décadas. Com o surgimento do movimento das startups, em meados dos anos 2010, Florianópolis passou a ser constantemente citada com um dos principais hubs do empreendedorismo inovador do país, ao lado de São Paulo, Belo Horizonte e Recife. 

As comunidades de startups na Capital e nas principais cidades do estado ajudaram a fortalecer a posição de Santa Catarina como uma referência no desenvolvimento de produtos e serviços digitais – de onde não saíram unicórnios, mas alguns dos exits mais relevantes dos últimos anos (em especial as aquisições de RD Station e Neoway por, respectivamente, Totvs e B3, na casa dos quase R$ 2 bilhões).

O mais recente mapeamento do Sebrae Startups SC, lançado durante o Startup Summit 2024, mostra que Florianópolis tem 676 startups, o que representa 42% dos 1.604 novos negócios inovadores de todo o estado. Em termos gerais, o setor de TI na Capital soma 6.099 empresas que faturam anualmente R$ 12 bilhões, somam 38,4 mil colaboradores e geram uma receira de quase R$ 100 milhões em ISS para a prefeitura – o crescimento é de 85% na arrecadação de ISS pelo setor de TI entre 2019 e 2023.

Mas e o que vem por aí?

Basta simplesmente ser uma capital de startups?

O que esse reconhecimento legal muda na prática para o ambiente de negócios na cidade?

Florianópolis tem o visual, a qualidade de vida, um ecossistema empreendedor robusto, mas ainda tem pouco acesso a capital privado de investimento, há limitações em termos de infraestrutura, seja para o desenvolvimento urbano quanto para atração de grandes empresas e eventos. Há iniciativas de fomento público a startups, como a Lei de Inovação e os mecanismos de apoio a projetos inovadores por meio de isenção de determinados impostos, mas que ainda são muito tímidos em termos práticos e que muitos empreendedores locais desconhecem.

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Atração de eventos com o Startup Summit ajudam a fortalecer posição de Florianópolis como um polo de novos negócios inovadores. / Crédito: Divulgação

Um mantra que tem se repetido nos últimos anos – e que ecoou forte no Startup Summit 2024, evento fundamental para o reconhecimento da cidade como polo empreendedor – é que o mercado local precisa de uma mentalidade global, de internacionalizar negócios. Quem vive em Florianópolis, especialmente no “circuito de startups”, percebe que a cidade respira ares mais cosmopolitas, o que se traduz também na valorização imobiliária (e que pode se tornar um fator de risco para atração de novos negócios) e em um certo hype para o turismo executivo e lazer – a história de Elon Musk ter idealizado, numa viagem a Florianópolis nos anos 2000, a criação de uma empresa de foguetes espaciais já entrou para o folclore empreendedor local. 

Mas é bom lembrar que a Ilha teve outros hypes, em outros contextos, que se foram com o vento Sul. Em outros tempos, Florianópolis se tornou a “capital do surf”, atraiu campeonatos, branding turístico mas com o tempo as competições profissionais trocaram a Joaquina pela praia da Vila, em Imbituba. Mais recentemente, o fenômeno Guga Kuerten fez a cidade acreditar que seria um polo formador de novos atletas do tênis, o que nunca se confirmou. 

Um movimento econômico robusto, como o de tecnologia, é muito mais perene do que o surgimento de atletas ou de gerações talentosas de um determinado esporte. Mas ao olhar para a história do que foi símbolo para Florianópolis, é importante entender que a conquista do presente não garante o sucesso. 

O desafio da construção de negócios sustentáveis, da formação profissional (não apenas no setor de tecnologia) e da atração de recursos e da geração real de oportunidades (seja capital para investimentos ou eventos e projetos inovadores) é o que ajudará Florianópolis a manter um status invejado por toda região que se propõe a ser um polo de startups e novos negócios.   

Fonte: Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br 

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