Gargalo Logístico, Presidente da Faesc/Senar/SC

As más condições da infraestrutura estão prejudicando setores importantes da economia catarinense

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JOSÉ ZEFERINO PEDROZO - Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).Foto: Marco Favero/SECOM: Filipe Scotti (Divulgação FIESC)

Ou se melhoram as condições de infraestrutura do grande oeste de Santa Catarina ou as agroindústrias se transferirão ao centro-oeste brasileiro. E, nesse caso, toda a agricultura barriga-verde entrará em colapso. Desde a década de 1960, empresários e produtores rurais construíram o maior parque agroindustrial do país, com indústrias de processamento de aves, suínos, grãos e leite, sustentando mais de 60 mil empregos diretos e 480 mil empregos indiretos.

Essa região, distante dos grandes centros de consumo e portos, conseguiu se desenvolver graças à vocação ao trabalho das etnias predominantes – descendentes de italianos e alemães – e ao empreendedorismo local. No entanto, dois fenômenos atuais ameaçam as agroindústrias catarinenses: a transnacionalização das economias, que exige racionalização dos custos e busca incessante pela qualidade, e a falta de investimentos em infraestrutura logística, que pode inviabilizar a operação dessas plantas.

A situação da BR-282 é um exemplo emblemático. Construída entre as décadas de 1960 e 1970, essa rodovia federal, que liga oeste, planalto e litoral de Santa Catarina, foi concluída 40 anos depois e necessita de duplicação ou terceira pista para atender ao aumento do tráfego. A BR-282 é vital para o escoamento da produção agroindustrial do oeste de Santa Catarina aos portos e grandes centros de consumo, transportando milhões de dólares em produtos exportáveis.

Essa rodovia tornou-se um gargalo logístico para o transporte de toda a produção agropecuária da região oeste, maior produtora de suínos do país e uma das maiores produtoras de aves. A melhoria das rodovias ajudará, mas a solução definitiva está na construção das ferrovias Norte-Sul e Leste-Oeste. A Ferrovia Norte-Sul é vital para o agronegócio de Santa Catarina, que representa 30% do PIB estadual e contribui com 70% das exportações, necessitando de mais de 5 milhões de toneladas/ano de milho e soja do centro-oeste brasileiro.

A construção de uma ferrovia ligando o oeste catarinense ao centro-oeste brasileiro é essencial para o desenvolvimento da região. Outra obra necessária é a estrada de ferro Leste-Oeste, chamada de “ferrovia do frango” ou “ferrovia da integração”, que ligaria os portos catarinenses à região produtora. Embora discutida há 20 anos, pouco foi feito devido ao proselitismo.

As deficiências na infraestrutura de transporte afetam o agronegócio, e a solução passa por melhorias em portos, aeroportos, armazéns e módulos multimodais que integrem ferrovias, rodovias e hidrovias. O grande oeste catarinense depende visceralmente da infraestruturação regional para manter suas agroindústrias – e essa é uma questão de vida ou morte!

Fonte: MB Comunicação Empresarial

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