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[OPINIÃO] Um VC na contramão da indústria de VC

Enquanto o mercado seguia a tendência de inflar valuations, nos mantivemos fieis a uma estratégia mais prudente e focada em fundamentos sólidos, garantindo múltiplos mais realistas e consistentes com o crescimento sustentável das startups

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Foto: SC Inova+DALL-E

No dia 18 de setembro o portal Neofeed publicou um artigo intitulado “O lado B das startups”, que destaca o desafio da indústria de Venture Capital brasileira para realizar os retornos minimamente atrativos através de uma “liquidez brutal” estimada em R$ 400 bilhões.

Sempre que leio algo sobre o movimento padrão da indústria, me sinto provocado a olhar para “dentro de casa” e comparar o desempenho da Invisto com aquilo que o mercado entende como óbvio, ou quase um comportamento de “manada”.

O ponto abordado no artigo é extremamente relevante e desafiador, mas para entender melhor o desafio, precisamos também avaliar os valores e múltiplos no momento dos investimentos realizados pelos VC’s, como também os valores e múltiplos no momento das saídas realizadas.

Para tal, resgatei estudos realizados pelas gestoras de alta credibilidade Astella e Spectra.

 Em janeiro de 2022, a Astella publicou o artigo “Ventures Capiteau, o desbravador de valuations” quando já mencionava a preocupação do setor de VC com altos valuations e expectativas de retorno. Resgato aqui dados da época sobre os múltiplos de pre-money valuation sobre ARR que demonstravam o alto crescimento deste indicador.

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Fonte: Astella Venture Capital: “Ventures Capiteau, O Desbravador De Valuations”

Percebam que os indicadores cresceram ao longo do tempo até o ano de 2021 e em todas as fases do desenvolvimento de uma startup. Isto criou uma certa ilusão com os possíveis retornos dos fundos de investimentos. Analisando os dados de investimentos nos estágios Seed e Séries A, onde atuamos, nota-se que nos últimos anos do estudo, e justamente no ápice dos valuations, o múltiplo passou de 15x no caso das rodadas de Seed Money e de 5x nas rodadas de Séries A, chegando a superar 10x em 2021.

Neste período, nossa gestora de VC realizava investimentos do seu fundo de R$ 100 milhões de patrimônio líquido. Desde então, já realizamos 8 investimentos e a média dos múltiplos de valuation por ARR foi de 3,9 vezes. O menor múltiplo foi abaixo de 2 vezes o ARR e o maior e único acima de 5 vezes, foi de 7 vezes ARR.

“Acreditamos na capacidade dos empreendedores em resolver problemas e possuímos um método sofisticado para selecionar as empresas de tecnologia que estejam no momento certo para receber investimento.”

Ou seja, enquanto o mercado seguia a tendência de inflar valuations, nos mantivemos fieis a uma estratégia mais prudente e focada em fundamentos sólidos, garantindo múltiplos mais realistas e consistentes com o crescimento sustentável das startups. Essa abordagem nos permitiu evitar as armadilhas da supervalorização e, ao mesmo tempo, garantir retornos expressivos nas saídas.

Com relação às saídas, fui analisar o estudo feito pela Spectra, Insper e ABVCAP com título de “Performance of Brazilian Private Equity and Venture Capital Investments 1994-2023” publicado em dezembro de 2023.

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Fonte: Spectra Investments

A tabela apresenta os retornos obtidos em investimentos realizados pelos VCs, utilizando a Taxa Interna de Retorno (IRR ou TIR) e o múltiplo sobre o capital investido (MOIC) como indicadores de comparação. Quero apontar para o Top Quartile, o supra sumo da indústria, que segundo o estudo entregou uma TIR de 36% ao ano e um MOIC de 3,4 vezes o capital investido.

Desde 2021, a Invisto realizou 4 saídas, sendo 3 para compradores estratégicos e 1 para investidores financeiros, demonstrando nossa capacidade de identificar oportunidades de crescimento real, sem depender de euforias de mercado. Importante destacar que para a Invisto, à época, 4 saídas representavam 40% do portfólio, fruto de uma estratégia seletiva de investimentos ou quem sabe de uma “boutique” de VC.

Todas as 4 saídas ficaram no Top Quartile, sendo a maior obtendo um retorno superior a 600% ao ano, num múltiplo de mais de 9 vezes o capital investido. A “pior” das 4 saídas obteve um retorno superior a 50% ao ano – 100% dos desinvestimentos realizados no portfólio da Invisto foram realizados acima dos valores apresentados no Top Quartile

O sucesso não é apenas uma questão de timing ou sorte. É o resultado de uma visão clara: entrar em um ativo a um preço justo e sair na hora certa. Esta combinação dificilmente vai dar errado. Obviamente que por trás desta performance, existem empreendedores sensacionais que conquistaram seus sonhos, compartilhando conosco seus anseios e desafios e trabalhando em conjunto para um objetivo comum. Escolhemos os “jóqueis” e eles também escolheram seus sócios investidores.

Essa jornada reforça o compromisso de seguir um caminho estratégico, alicerçado em fundamentos sólidos, escolhas cuidadosas e parcerias com empreendedores visionários num ecossistema pujante como o Sul do Brasil. É possível entregar resultados excepcionais com consistência, superando os benchmarks mais ambiciosos da indústria.

Enquanto muitos veem as dificuldades do cenário atual como barreiras, enxergamos oportunidades de continuar criando valor sustentável, tanto para os investidores quanto para os empreendedores com quem caminhamos lado a lado.

Fonte: SC Inova / Por Marcelo Wolowski, fundador da Invisto

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