O Olhar Digital inicia nesta terça-feira (27) uma série de reportagens sobre construções icônicas
Com certeza você já viu alguma imagem desta ilha em algum lugar. A Palm Jumeirah, considerada uma das maravilhas da engenharia, foi um projeito do engenheiro brasileiro João Vicente Sparano e faz parte de um arquipélago artificial desenhado em formato de palmeira.
A ilha fica a 78 quilômetros de Dubai, na área costeira de Jumeirah, e faz parte de um dos maiores projetos de construção do mundo, com apartamentos, casas luxuosas, marinas particulares, hotéis renomados e mais.
Outras duas ilhas irmãs e maiores também fazem parte do arquipélago: a Palm Jebel Ali e Palm Feira. Juntas, o trio cobrirá quase 520 quilômetros da costa de Dubai.
A Palm Jumeirah é parte de um grande empreendimento chamado “Palm Islands” e cobre 31 quilômetros quadrados, incluindo o tronco principal, 17 ramificações e um muro em semicírculo com aberturas laterais. A ilha artificial fica no Golfo Pérsico e começou a ser construída em junho de 2001. A fase principal das obras foi concluída em 2008.
O principal desenvolvedor do projeto foi a Nakheel, uma empresa imobiliária agora controlada pelo governo de Dubai. Já o plano foi elaborado pelo Helman Hurley Charvat Peacock, um escritório de arquitetura americano.
A complexidade da construção geou atrasos de quase dois anos na conclusão do projeto. Para erguer a ilha artificial gigantesca, estima-se que a empresa holandesa de dragagem, Van Oord, utilizou 100 milhões de m³ de areia e rocha.
O projeto original era de uma ilha feita apenas de areia. Apesar de Dubai estar envolvida por grandes desertos, foi necessário dragar milhões de m³ de areia do fundo do mar e criar camadas, até atingir a altura ideal (a areia do deserto era fina demais e poderia comprometer a segurança).
Também foi preciso construir um enorme quebra-mar em formato de lua crescente para diminuir o impacto das ondas e proteger contra a força do vento. Nesta etapa, foram adicionadas camada de pedras e rochas de até seis toneladas para reforçar a estrutura.
Outro desafio era a chance de ocorrer terremotos na região e como isso afetaria a ilha. Para contornar riscos, a areia dragada foi compactada e o solo passou por um processo chamado “vibro-compactação“, que consistiu em mais de 200 mil perfurações usando sondas a 12 metros de profundidade, liberando água e ar em alta pressão, provocando vibração e promovendo a compactação.
A Palm Jumeirah é a menor do trio de ilhas artificiais. Curiosamente, o ponto turístico também é uma zona residencial com condomínios de luxo e hotéis à beira-mar. Até 2017, era estimado que mais 10 mil pessoas moravam no local.
Segundo um estudo publicado na revista Water em 2022, a construção gerou efeitos colaterais no meio ambiente, como aumento de materiais solúveis na água e da temperatura da superfície da água ao redor da ilha.
A rápida expansão da cobertura do solo também causou problemas, concluiu um estudo publicado em 2020 pela pesquisadora Virgínia Maria Nogueira de Vasconcellos. A ilha aumentou a dependência de carros para o deslocamento, por exemplo. Da mesma forma, “dificultou a circulação da água do mar, alterando o ecossistema marinho e gerando mau cheiro”.
“A construção também aumentou a propagação de sedimentos em suspensão, afetando diretamente o meio marinho e a passagem de luz pela água”, reforça a pesquisadora, além de causar erosão nas margens e deixando a área mais vulnerável às mudanças climáticas e aumento do nível do mar.
A gestão ambiental eficiente nas ilhas pode diminuir os impactos ambientais. Novas soluções precisam ser consideradas, como a aplicação de recifes artificiais que podem recriar uma colônia ao redor da área danificada.
Virgínia Maria Nogueira de Vasconcellos, autora do estudo “Vizinhança Sustentável: avaliação da Sustentabilidade da Ilha Palm Jumeirah em Dubai”
Fonte: Olhar Digital /Texto: Gabriel Sérvio, editado por Bruno Capozzi
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