[OPINIÃO] Governança na prática: decisões ágeis, riscos mínimos

A estrutura não precisa ser cara, nem engessada. Ela começa com pequenas decisões conscientes que se acumulam ao longo do tempo

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Foto: Christina @ wocintechchat.com (Unsplash)

Você já sentiu que sua empresa está tomando decisões no escuro?

Que o crescimento vem, mas a estrutura de gestão não acompanha? A boa notícia é que governança não precisa ser um bicho de sete cabeças. Muito pelo contrário: pode (e deve) ser prática, leve e ágil — mesmo para pequenas e médias empresas.

Governança é sobre tomar boas decisões com mais clareza e menos risco. E, sim, ela pode começar com passos simples. Vamos a eles:

Monte um Conselho Consultivo: Comece pequeno, mas comece.

  • Convide 2 ou 3 pessoas de confiança com experiência complementar à sua.
  • Marque reuniões trimestrais com pauta clara (vendas, finanças, estratégia).
  • Use o conselho como um “espelho externo” — ele ajuda a ver o que você não enxerga sozinho.

Estabeleça Controles Financeiros Básicos: Sem clareza de números, não há gestão.

  • Implemente um DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício) e DFC (Demonstrativo de Fluxo de caixa) mensal, mesmo que simples.
  • Faça reconciliação de caixa e bancos toda semana.
  • Tenha visibilidade clara de “quanto entra, quanto sai, e quanto sobra”.

Formalize Decisões-Chave: Evite decisões no impulso.

  • Registre atas ou resumos de decisões importantes (ex.: contratação, expansão, investimentos).
  • Use documentos compartilhados para manter histórico de decisões.
  • Isso evita retrabalho e dá respaldo futuro em disputas societárias ou auditorias.

Alinhe a Estratégia com Indicadores: O que não se mede, não se melhora.

  • Escolha de 3 a 5 indicadores que traduzam o sucesso do negócio (ex.: margem líquida, NPS, churn).
  • Monitore esses números mensalmente com sua equipe ou conselho.
  • Crie metas realistas e revise os resultados sempre com foco em aprendizado.

Organize a Estrutura Societária: Sociedade alinhada = empresa protegida.

  • Formalize as regras entre sócios (acordos de saída, sucessão, responsabilidades).
  • Use um Acordo de Sócios claro e atualizado.
  • Prevenção hoje evita conflitos caros amanhã.

Promova Transparência Interna: Colaboradores confiantes tomam melhores decisões.

  • Compartilhe os principais resultados com sua equipe.
  • Explique as prioridades e os porquês das mudanças.
  • Crie rituais de comunicação (ex.: reunião semanal de alinhamento, mural de indicadores).

Mapeie Riscos e Faça Planos B: Errar é humano, não se preparar é opcional.

  • Liste os principais riscos do seu negócio (financeiros, operacionais, reputacionais).
  • Para cada risco relevante, pense em um plano de ação emergencial.
  • Atualize esse mapeamento a cada 6 meses.

Use Tecnologia a seu Favor: Governança pode (e deve) ser digital.

  • Adote sistemas simples de ERP e CRM para ganhar visibilidade.
  • Use ferramentas como Trello, Notion ou ClickUp para registrar decisões e tarefas.
  • Evite a dependência de planilhas soltas e informações em conversas de WhatsApp.

GOVERNANÇA É UM HÁBITO, NÃO UM EVENTO

Governança não precisa ser cara, nem engessada. Ela começa com pequenas decisões conscientes que se acumulam ao longo do tempo. Quanto antes sua empresa começar a trilhar esse caminho, mais preparada estará para crescer — com velocidade, consistência e segurança.

Comece hoje. Escolha um item desta lista e implemente nos próximos 7 dias. O efeito será imediato.

Se quiser trocar ideias sobre como aplicar governança no seu contexto, me escreva.

REFERÊNCIAS

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA – IBGC. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/. Acesso em: 29 jun. 2025.
  • MALIK, Fredmund. Managing, Performing, Living: Effective Management for a New Era. Frankfurt: Campus Verlag, 2006.
  • DRUCKER, Peter Ferdinand. The Effective Executive: The Definitive Guide to Getting the Right Things Done. New York: HarperBusiness, 2006.
  • CHARAN, Ram; CAREY, Dennis; USEEM, Michael. Boards That Lead: When to Take Charge, When to Partner, and When to Stay Out of the Way. Boston: Harvard Business Review Press, 2013.

Fonte: SCInova / Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve semanalmente no SC Inova

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