Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser um experimento restrito a engenheiros para se tornar parte do dia a dia de milhões de profissionais. Segundo o relatório AI Adoption Trust Gap 2025, da Udacity, 90% dos trabalhadores já usam IA em suas rotinas.
Parece uma vitória, mas há uma contradição: três em cada quatro abandonam a ferramenta no meio da tarefa. O motivo? Desconfiança.
A maioria relata baixa qualidade dos resultados, dificuldade em ajustar os prompts e incompatibilidade com seus fluxos de trabalho. Não por acaso, 45% dos profissionais não confiam em entregas feitas por colegas que usaram IA. Ou seja: adotamos, mas não acreditamos plenamente.
Esse paradoxo abre uma provocação central para líderes e empreendedores: o problema não é acesso, é arquitetura.
A FALÁCIA DA “ADOÇÃO”
Sangeet Paul Choudary, em seu ensaio “Você acha que prioriza a IA, mas provavelmente não é”, nos alerta contra o autoengano corporativo: dizer que se é AI-first sem repensar a lógica organizacional. É como quando a eletricidade surgiu — não bastava trocar uma máquina a vapor por um motor elétrico. Era preciso redesenhar toda a linha de produção.
Do mesmo modo, instalar um chatbot ou uma ferramenta de automação não transforma uma empresa em nativa de IA. Adotar é diferente de se reorganizar arquitetonicamente em torno da tecnologia.
O QUE REALMENTE MUDA COM A IA?
Quatro propriedades definem quando uma organização é, de fato, “nativa” de uma nova arquitetura:
O CUSTO DA NÃO-TRANSFORMAÇÃO
O relatório da Udacity reforça esse ponto: as empresas estão atrasadas.
45% não pagam por ferramentas de IA; quase metade dos profissionais recorre a soluções por conta própria; e 32% usam softwares não autorizados. Isso cria um “shadow IT” perigoso e revela que os colaboradores já correm à frente das políticas organizacionais.
Mais grave: a Geração Z, nativa digital, é a que mais domina a IA, mas também a mais crítica ao seu uso superficial. Para eles, não basta “usar”, é preciso usar bem. Essa pressão cultural tende a expor ainda mais as empresas que tratam IA apenas como acessório.
O CAMINHO PARA LÍDERES E EMPREENDEDORES
Empresas que desejam realmente destravar valor precisam superar a fase da adoção rasa. Isso significa:
CONCLUSÃO: A CORAGEM DE REDESENHAR A ARQUITETURA EMPRESARIAL
Estamos diante do mesmo dilema que separou Blockbuster da Netflix: não se trata de quem tinha mais dados, mas de quem soube usá-los para reconfigurar a lógica do negócio. A confiança na IA não virá apenas de mais velocidade ou automação, mas da coragem de redesenhar a arquitetura empresarial em torno dela.
Empreendedores e executivos que entenderem essa diferença estarão prontos para liderar o próximo ciclo econômico. Os demais, mesmo cercados de ferramentas de IA, continuarão presos à lógica antiga — produtivos no curto prazo, mas vulneráveis no longo.
A Arquitetura do Crescimento mostra que resultados sustentáveis nascem do equilíbrio entre pessoas & cultura, processos & metodologias, tecnologia & dados, e modelo mental & liderança. O relatório da Udacity evidencia justamente que, quando empresas deixam de apoiar seus times com políticas claras e treinamentos em IA, criam um vácuo estrutural: colaboradores adotam ferramentas por conta própria, mas sem confiança ou alinhamento.
Da mesma forma, como lembra Sangeet Choudary, não basta plugar tecnologia em processos antigos — é preciso reconfigurar a arquitetura organizacional em torno da nova lógica. Em outras palavras: crescimento real só ocorre quando propósito e visão integram esses quatro pilares, permitindo que a IA deixe de ser um experimento isolado e se torne parte do DNA da organização.
REFERÊNCIAS:
Fonte: SCInova / Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve sobre inteligência artificial no ambiente corporativo na série “Diários de IA”
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