Smart City Expo Barcelona: o mundo debate o futuro das cidades inteligentes e da inovação urbana

De tecnologia a mudanças climáticas e governança, congresso reúne 25 mil pessoas em busca de soluções para cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis

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Fotos: Agência SC Inova

“A coisa mais incompreensível sobre o mundo é que ele é compreensível”. 

A frase atribuída ao físico Albert Einstein poderia ser um alento a quem acompanhou alguns dos primeiros paineis do Smart Cty Expo World Congress, maior evento global sobre cidades inteligentes e inovação urbana, que acontece desde 2011 em Barcelona. De hoje (04) até o da 06 de novembro, cerca de 25 mil pessoas do mundo inteiro (entre gestores públicos, executivos, empreendedores e policy makers) devem passar pelo evento, que tem uma versão anual realizada em Curitiba desde a década passada. 

Se há um ponto em comum em palestras sobre os mais variados temas é a complexidade e o cenário de incertezas sobre a economia e a sociedade global em 2025, marcada por guerras, crise tarifária, desastres climáticos e os impactos da inteligência artificial.  

Um dos recados mais diretos veio de Jari Kaupilla, secretário-geral da International Transport Forum, uma organização intergovernamental voltada a políticas de transporte: “há até pouco tempo, as empresas e governos faziam previsões e depois agiam. Mas hoje, em um mundo tão incerto, você precisa tomar decisões e agir o tempo todo. Os dados que temos – e que nos ajudavam a fazer previsões – são apenas um indicador, não mais um caminho”.

O vice-presidente do Google Maps, Paddy Flynn, defende uma “coalizão de vontade” entre os gestores públicos, a academia e as empresas – ou seja, uma união entre quem pode e deve agir para melhorar a qualidade de vida nas cidades. “A habilidade das cidades aprenderem aumentou muito nos últimos anos. O desafio é como transformar os dados em resultados. Mas isso só se faz com vontade de todas as partes, para que se desenvolvam projetos-piloto, e a partir disso criar uma metodologia sistêmica para implantação de novas iniciativas”, resume. 

“A inovação disruptiva que vivemos demanda lideranças em todas as áreas, do público ao privado”, acrescentou Kaupilla.

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Países, blocos econômicos e grandes empresas apresentam soluções para cidades.

Em painel sobre experiências de governos participativos, a responsável pelo programa Vision 2050 da Melbourne, Austrália (que será sede dos Jogos Olímpicos de 2032) destacou que a cidade está mais preocupada em ouvir os cidadãos e criar “livability” (habitabiliidade) do que em implantar novas tecnologias, como muitos acham que é a base das smart cities. A cidade foi dividida em diversas áreas, cada uma com representantes locais que fazem parte do plano de desenvolvimento. “Estamos olhando para o que queremos ser nos próximos 25 anos. Para isso, precisamos ser transparentes com a população, ouvi-los e apresentar o que estamos fazendo seguindo os valores de representação e democracia. E o que queremos é, acima de tudo, uma comunidade forte”.  

CIDADES RESILIENTES E A “BLUE ECONOMY”

Estudo da consutoria Deloitte apontou que, se não houver ação nenhuma no mundo contra os desastres climáticos, as perdas econômicas globais podem chegar a US$ 170 bilhões até 2070 – enquanto um investimento de US$ 43 bilhões neste período poderia não apenas mitigar os problemas como também impulsionar a economia verde.

Essa urgência popularizou o termo “cidades resilientes”, geralmente aplicada para regiões que usam inovações urbanas para de proteger de catástrofes. Mas para a vice-presidente de Cidades e Serviços Públicos da Dassault, Josephine Ong, a resiliência não deveria se limitar às cidades mais vulneráveis. “Ser resiliente é saber se adaptar e garantir o bem estar da população. Muitas cidades buscam tecnologias como a de digital twins para simular desastres mas poderiam também investir tempo e recursos em medidas paliativas, na análise de drenagem e não apenas esperar as inundações”.

A agenda de descarbonização esteve em um dos debates sobre a “economia do mar” (blue economy), que reuniu responsáveis por portos de vários continentes. Em Gotemburgo (Suécia), por exemplo, o foco está no uso de biogás e de outros combustíveis não-fósseis, enquanto Los Angeles tem investido em veículos ‘verdes’ para reduzir a emissão de poluentes. 

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Uso de dados, conexão entre governos e sociedade, riscos climáticos: as cidades são cada vez mais protagonistas no desenvolvimento da economia global.

“Portos hoje são muito mais do que operadores de containers. Há toda uma cadeia que depende da cibersegurança, dados para otimização das rotas, além de problemas como guerras e atividades terroristas. Os desafios da blue economy são gigantes, porque não somos apensas gerenciadores de logística, mas agentes da resiliência”, definiu Jens Meier, CEO da autoridade portuária de Hamburgo. 

Em meio aos debates e as tecnologias apresentadas nos pavilhões por grandes empresas, países e blocos econômicos, ecoar a frase de Eistein pode ser o estímulo para que agentes públicos, empreendedores, especialistas e a própria sociedade consigam compreender o complexo cenário global que estamos vivendo neste século XXI.

Fonte: Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Direto do Smart City Expo World Congress, em Barcelona (ESP)

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