O cometa 3I/ATLAS, um dos raros visitantes de fora do Sistema Solar, atinge agora seu ponto mais próximo do Sol, chamado de periélio, a cerca de 210 mil km/h, dentro da órbita de Marte. A passagem inédita transforma o objeto em foco global de treinamento científico, já que sua trajetória hiperbólica fornece dados valiosos para o estudo de corpos interestelares e da dinâmica gravitacional do sistema solar interno.
A velocidade e a composição química do cometa 3I/ATLAS desafiam modelos conhecidos. Astrônomos correm contra o tempo para registrar espectros, brilho e variações na coma antes que ele volte ao espaço profundo. O evento marca a terceira vez que um corpo extrassolar cruza nossa vizinhança cósmica, reforçando a importância das redes internacionais de monitoramento de objetos próximos da Terra.
Desde então, medições confirmaram uma órbita hiperbólica, o que indica que o corpo não está ligado gravitacionalmente ao Sol, sendo um verdadeiro visitante interestelar.
Com cerca de 1,4 unidade astronômica (UA) no ponto de máxima aproximação, o objeto cruza o plano orbital de Marte a uma distância de 210 milhões de quilômetros.
Apesar da proximidade relativa, não há risco para a Terra.
O fenômeno, contudo, permite testar técnicas de rastreamento usadas para prever trajetórias de asteroides potencialmente perigosos.
Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram uma coma dominada por dióxido de carbono (CO₂), algo jamais visto em outros cometas.
Os dados mostram que o 3I/ATLAS possui oito vezes mais CO₂ do que água, ultrapassando amplamente o limite químico esperado para esse tipo de corpo.
Esse desequilíbrio sugere origem em um ambiente extremamente frio, possivelmente em outro sistema planetário onde o CO₂ permaneça congelado por longos períodos.
A descoberta reacende discussões sobre a diversidade de materiais que formam cometas em diferentes regiões da galáxia e fornece pistas sobre processos de formação planetária fora do Sistema Solar.
A Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) anunciou um treinamento especial para aprimorar técnicas de medição orbital usando o cometa 3I/ATLAS como caso real.
O exercício ocorrerá entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com participação de observatórios credenciados que possuam código MPC ativo.
O objetivo é calibrar softwares e telescópios em condições dinâmicas, testando métodos de astrometria aplicados a objetos de trajetória não periódica.
Desde 2017, a IAWN realiza eventos semelhantes, mas esta edição ganha relevância pela singularidade do 3I/ATLAS e pela oportunidade de cruzar dados de dezenas de países em tempo quase real.
O estudo do cometa 3I/ATLAS poderá redefinir parâmetros sobre o comportamento térmico de objetos interestelares.
A presença anômala de CO₂, combinada à alta velocidade e à órbita aberta, indica que a matéria-prima que forma esses corpos pode variar amplamente entre sistemas estelares.
Equipes de pesquisa buscam agora correlacionar as observações do James Webb com dados de radiotelescópios e instrumentos ópticos terrestres para determinar a densidade e a atividade volátil do núcleo.
Cada fragmento de informação amplia a compreensão sobre como a matéria viaja entre estrelas e como o Sol interage com visitantes vindos de além de sua influência gravitacional.
A travessia do cometa 3I/ATLAS é um lembrete de que o Sistema Solar continua aberto a surpresas cósmicas.
Mais do que um espetáculo astronômico, o evento se converte em um laboratório vivo para medir, comparar e entender a origem de corpos vindos de outros mundos.
Fonte: CPG /Escrito por Bruno Teles
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Ascenda Digital Mídia LTDA.