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Cenário internacional: Fed mostra visão otimista sobre a economia americana

Fed mantém taxas nos EUA; BCE e BoE cautelosos na Europa; China estimula economia; Brasil corta Selic; Congresso brasileiro derruba vetos e aprova MP para subvenção de ICMS.

Como era amplamente esperado, o Fed – banco central dos EUA – manteve a taxa básica de juros no intervalo de 5,25%-5,50%. O comunicado que acompanhou a decisão foi mais otimista, ao destacar pela primeira vez que “a inflação diminuiu ao longo do ano” e que “o crescimento econômico desacelerou frente ao ritmo forte no terceiro trimestre”. Em entrevista coletiva, o Presidente do Fed, Jerome Powell, intensificou o tom positivo. Powell disse que o momento apropriado para iniciar cortes de juros foi discutido nesta reunião pela primeira vez; um progresso considerável ocorreu a frente de inflação; o Fed quer começar a cortar os juros muito antes da inflação chegar a 2%; e (4) a resiliência da atividade não é por si um problema.

Após a decisão, os juros dos títulos do Tesouro com prazo de 2 anos caíram mais de 0,20 p.p., enquanto os juros dos títulos de 10 anos recuaram cerca de 0,15 p.p.. Os mercados passaram a projetar cortes de 1,50 p.p. na taxa básica em 2024. O movimento impulsionou as bolsas no mundo.

Dada a visão otimista do Fed, antecipamos nossa projeção de início de cortes de juros nos, do terceiro para o segundo trimestre do ano que vem.

Bancos Centrais da Zona do Euro e Do Reino Unido também mantêm suas taxas de juros, porém com tom mais cauteloso

O BCE (Banco Central Europeu) manteve suas três taxas de juros de referência pela segunda reunião consecutiva. As taxas de refinanciamento, depósito e empréstimo marginal estão em 4,5%, 4,0% e 4,75%, respectivamente. As projeções de inflação do BCE recuaram, mas, diferente do Fed, a Presidente Christine Lagarde indicou a necessidade de manter as taxas elevadas por mais tempo, uma vez que as pressões internas sobre os preços continuam elevadas.

No Reino Unido, o Banco Central da Inglaterra (BoE, sigla em inglês) também deixou sua taxa básica de juros inalterada, em 5,25%. Apesar do banco da região ter sido o primeiro a começar a subir os juros entre as economias desenvolvidas, o comitê de política monetária local ainda não está completamente convencido de que as taxas de juros estão suficientemente restritivas. Três entre os nove membros votaram a favor de uma alta adicional de 0,25 p.p. na reunião de dezembro.

Assim como no caso do BCE, o BoE transmitiu uma mensagem dura, reiterando que as pressões inflacionárias seguem elevadas e que o trabalho ainda não está concluído.

Retomada econômica segue lenta na China

Indicadores da atividade econômica chinesa tiveram resultados mistos em novembro. A produção industrial surpreendeu positivamente, enquanto as vendas no varejo decepcionaram. Em outro sinal de fraqueza da demanda interna, a inflação ao consumidor ficou negativa em 0,5% no acumulado em 12 meses.

Como resposta, o Banco Popular da China (PBoC, sigla em inglês) anunciou uma expansão de liquidez recorde, equivalente a US$ 112 bilhões (ou 1,45 trilhão de yuans) em fundos, por meio de empréstimos de médio prazo. O efeito desta – e de outras medidas de estímulo que o governo vem adotando – ainda é incerto.  

Enquanto isso, no Brasil…

Banco Central mantém a indicação de corte de 0,50 p.p. nas próximas reuniões.

O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa Selic em 0,50 p.p., levando a taxa básica de juros para 11,75%. Como esperado, o comunicado que acompanhou a decisão exibiu um tom mais otimista em comparação à reunião anterior, afirmando que o ambiente global tornou-se “menos adverso” e a inflação corrente continuou melhorando. Mas o Comitê reforçou que o plano é continuar reduzindo a taxa Selic em 0,50 p.p. por reunião, indicando que a postura gradual é a mais segura para levar os juros a patamares sustentavelmente mais baixos ao longo do tempo. As projeções de inflação do Copom ainda permanecem acima da meta de 3,0% para 2024 e 2025.

IPCA de novembro reforça tendência de desinflação

O IPCA – medida oficial de inflação ao consumidor – subiu 0,28% em novembro contra outubro, mais ou menos em linha com as expectativas (XP: 0,26%; mediana do mercado: 0,29%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses cedeu de 4,82% para 4,68%.

A média dos núcleos – excluem os itens mais voláteis para captar a tendência subjacente da inflação – aumentou 0,18% na comparação mensal e 4,56% em 12 meses (vindo de 4,70%). Na mesma linha, a métrica de serviços subjacentes ficou em 0,27%, ou 4,78% em 12 meses (recuando de 5,01% na leitura anterior).

Avaliamos que o IPCA de novembro confirmou o processo de desinflação na economia brasileira, ainda que de forma gradual. Os últimos resultados de atividade econômica – destaque para o PIB do 3º trimestre, um pouco melhor que o esperado – e de inflação reforçam nosso cenário de que o Banco Central manterá uma abordagem cautelosa na condução da política monetária.

Mês negativo para a atividade doméstica

Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), as receitas reais do setor terciário ficaram abaixo das expectativas em outubro, marcando a terceira contração consecutiva. A categoria de serviços prestados às famílias foi responsável por grande parte da diferença entre nossa estimativa e o resultado do índice geral de serviços. Os principais grupos de serviços têm exibido resultados voláteis, o que exige cautela na avaliação das tendências de curto prazo.

Conforme divulgado na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), as vendas no varejo recuaram 0,3% em outubro contra setembro, bem abaixo das estimativas (XP: +0,7%; consenso: +0,4%). Houve desaceleração generalizada entre os segmentos pesquisados. As vendas no varejo ampliado, que incluem as categorias de veículos, materiais de construção e atacado de alimentos, contraíram 0,4% em termos mensais. As condições de crédito apertadas e o alto endividamento das famílias explicam a perda de fôlego do consumo no período recente.   

Acreditamos que esses são sinais de que a economia brasileira passa por um período de acomodação, que pode durar até meados do ano que vem.

Congresso derruba veto ao arcabouço e à desoneração da folha, e vota MP da subvenção de ICMS

O Congresso derrubou o veto integral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao texto que renova, até 2027, a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que poderá judicializar a questão. Além disso, o Poder Legislativo também derrubou o veto de Lula ao arcabouço fiscal, impedindo o governo de retirar despesas do cálculo para atingir a meta de resultado primário.

A Câmara dos Deputados aprovou a MP nº 1.185/2023, que trata das subvenções de ICMS. A proposta altera a sistemática vigente de uso dessas subvenções para redução da base de cálculo dos tributos federais, instituindo a possibilidade de concessão de crédito fiscal apenas para subvenções relacionadas a investimentos. A MP segue agora ao Senado Federal. Essa é a principal aposta do governo para aumentar a arrecadação no próximo ano e pode render pelo menos R$ 35 bilhões.

Complexidades e Interconexões do Cenário Econômico Internacional

Em resumo, o dia 4 de agosto se desenha como mais um capítulo crucial no panorama global, com movimentações que repercutem nos mercados financeiros, indicadores econômicos e tomadas de decisão em diferentes nações. As notícias abrangem setores variados, desde petróleo até legislações nacionais, refletindo as complexidades e interconexões do cenário econômico internacional.

O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, alguns membros dos comitês de política monetária do BCE e do BoE falarão publicamente ao longo da semana, podendo dar orientações adicionais sobre a possível trajetória da política monetária na Europa e no Reino Unido. Na 3ª-feira, atenção voltada para a leitura final da inflação da zona do euro referente a novembro. A leitura preliminar registrou variação anual de 2,9% para o índice geral e 4,2% para o núcleo da inflação. Na 4ª-feira, destaque para a inflação ao consumidor do Reino Unido em novembro. Na 5ª-feira, o resultado final do PIB dos EUA do terceiro trimestre será protagonista. A última leitura registrou forte crescimento de 5,2% frente ao segundo trimestre, em termos anualizados. Na 6ª-feira, o principal indicador da semana será divulgado – a inflação medida pelo núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal (PCE) nos Estados Unidos relativa a novembro.

No Brasil, destaque para a publicação da ata do Copom e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Os documentos do Banco Central devem trazer detalhes sobre a avaliação de cenário internacional menos adverso, desaceleração gradual da atividade e avanços no processo de desinflação, entre outros temas sublinhados pela autoridade monetária no comunicado que acompanhou a redução da taxa Selic nesta semana. Na agenda de indicadores, o IBC-Br (proxy mensal do PIB) deve mostrar ligeira queda em outubro, corroborando o cenário de enfraquecimento da atividade no período recente. 

Do lado fiscal, a expectativa é pela aprovação da MP nº 1185/2023 no Senado, que altera as subvenções de ICMS. Além disso, o Congresso deve aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, permitindo que o governo inicie o próximo exercício com um contingenciamento limitado a R$ 23 bilhões. Por fim, a Câmara dos Deputados discute a reforma tributária com o Senado na tentativa de chegar a um consenso. O projeto precisa ser aprovado com um texto comum nas duas casas para que a promulgação ocorra ainda este ano. 

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Escrito por Ricardo Antonello

Empreendedor, Investidor e Palestrante

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Escrito por Ricardo Antonello

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