Criando MOAT: vantagem competitiva sustentável

“Pessoas deveriam investir em negócios que qualquer idiota pode comandar, porque um dia algum idiota pode fazer isso.”

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Foto: divulgação.

Essa frase foi dita por Warren Buffett, um dos principais investidores do mercado financeiro global. De acordo com o investidor, para que uma empresa seja bem-sucedida é preciso criar uma barreira entre ela e os outros negócios de seu nicho, como uma espécie de fosso de um castelo que impede os inimigos de o invadirem e tomarem o poder de seu proprietário.

Esse conceito é conhecido como MOAT (fosso, em inglês), popularizado por Buffett, que representa a vantagem competitiva em longo prazo que determinada empresa cria em relação a outras do mesmo setor de atuação. Hoje, a vantagem competitiva não é mais suficiente, mas sim a vantagem competitiva sustentável, que tem inerente em si o conceito da inovação contínua.

Vejamos como exemplo a Amazon, que atua com e-commerce, streaming, inteligência artificial, computação em nuvem, entre outros. Considerada uma das cinco grandes empresas de tecnologia do mundo, juntamente com Meta, Google, Microsoft e Apple, a companhia criou inicialmente MOAT por meio da sua plataforma de comércio online de livros, com uma logística extremamente eficiente. Usando a mesma fórmula de sucesso, expandiu para o comércio de eletrônicos, videogames, softwares etc.

Atualmente, a empresa diversificou os seus negócios para serviços próprios, como o de nuvem (Amazon Web Services), streaming de vídeo (Prime Video), de música (Amazon Music) e de livros (Kindle e Audible), entre várias outros de sucesso. Dessa maneira, a empresa criou um ecossistema que atende usuários em 360 graus. Afinal, ele tem tudo de que precisa ali e não vê a necessidade de olhar para a concorrência.

As empresas que não criam esse fosso de proteção estão, inevitavelmente, perdendo seu espaço no mercado ou até mesmo morrendo, como foi o caso da Blockbuster e da Kodak. Criar um MOAT exige que a empresa adote uma abordagem estratégica que combine diferentes elementos, tais como:

  • Cultura organizacional forte: desenvolver uma cultura empresarial que promova inovação, criatividade, colaboração e excelência, alinhando assim entre todos os seus colaboradores a necessária busca pela vantagem competitiva sustentável.
  • Inovação continua: investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para criar produtos ou serviços inovadores e diferenciados que atendam às necessidades dos clientes de forma única e difícil de serem replicados.
  • Estratégia centrada no cliente (Customer Centric): uma cultura que coloca o cliente no centro de tudo, com decisões e processos voltados para resolver problemas e atender às necessidades e expectativas do consumidor. 
  • Fidelização de clientes: construir relacionamentos sólidos, oferecendo um excelente atendimento, programas de fidelidade e experiências excepcionais que os tornem leais à marca (conhecidos como clientes fiéis).
  • Barreiras de entrada: para se proteger, a empresa precisa criar obstáculos que dificultem a superação por novos concorrentes, como altos custos de entrada no mercado, economias de escala ou acordos exclusivos com fornecedores.

Diante de tudo isso, eu pergunto para você: como está o seu MOAT? Você já criou um para a sua empresa? Como você viu, ele está diretamente ligado ao conceito de inovação contínua. Porém, o empreendedor que ainda fica agarrado a processos obsoletos sem acompanhar a evolução do mercado; não cria uma liderança incentivadora que estimule a inovação e a busca por oportunidades; e que resiste às mudanças internas, acaba indo contrário a todo esse movimento, abrindo espaço para que outra marca crie o próprio MOAT nesse meio tempo. Essas são algumas das causas da estagnação dos negócios e o preço que muitos acabam pagando por não inovar.

O que eu vejo é que muitas empresas paralisam porque não conhecem o significado de inovação e acabam caindo em mitos que impedem o seu crescimento. Tais mitos sugerem que inovar é sinônimo de adotar práticas arriscadas, o que pode intimidar empreendedores e empresas, especialmente as menores ou aquelas mais avessas ao risco. Essa percepção pode levar a crenças equivocadas como:

  • Inovar é apenas para quem pode se dar ao luxo de falhar: essa ideia pode desencorajar pequenas empresas e organizações de tentar inovar devido ao medo de fracassos. É essencial para o sucesso aprender com falhas ao longo do percurso, pois são elas que fornecem insights fundamentais para recalcular a rota e alcançar o sucesso.
  • Inovar requer apostas grandes e ousadas: tal é a crença de que apenas grandes inovações, aquelas que transformam mercados, valem a pena. Ignorar o valor das pequenas inovações é um erro fatal, pois são elas que moldam a empresa, permitindo seu desenvolvimento com excelência e a construção gradual de um MOAT impenetrável a cada conquista.

Diante disso, o empreendedor se compara a grandes empresas e acha que inovar não é para ele. Puro engano. A inovação não começa com a ideia de fazer algo necessariamente grande ou caro; pode surgir em algo simples e cotidiano. Basta olhar ao seu redor e refletir: o que, de fato, não envolveu a arte de inovar?

Portanto, é primordial lembrar que:

  • A inovação é um processo contínuo e estratégico, seja em pequenos ajustes ou grandes avanços.
  • A inovação é um fenômeno organizacional que deve ser vivido e incorporado por todos, o tempo todo.
  • A inovação é um aprendizado contínuo que se fortalece ao longo do desenvolvimento do produto ou serviço.
  • A inovação deve ser induzida por ferramentas e metodologias ágeis para que a empresa alcance seu MOAT o mais estruturada e eficientemente possível.

Para a sua empresa crescer e se destacar, você precisa pensar constantemente na inovação, pois pode ter certeza de que seus concorrentes estão fazendo isso. Portanto, quanto mais entender deste assunto, mais confiante e tranquilo se sentirá para incorporar essa mentalidade, tanto em você mesmo quanto em sua empresa que necessita disso para criar um MOAT impenetrável. Em suma, inovar não é arriscado, arriscado é não pensar em Inovação.

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Escrito por Fernando Seabra

Especialista em Inovação Prática e Mentor de Pessoas e Negócios

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