“Somos chamados a ser arquitetos do futuro, não suas vítimas”
BUCKMINSTER FULLER
À medida que a Inteligência Artificial (IA) continua a evoluir, ela apresenta tanto oportunidades quanto desafios para a humanidade. Stephen Hawking descreveu a IA como potencialmente “a melhor ou pior coisa que já aconteceu à humanidade,” destacando a natureza ambivalente dessa tecnologia. Embora a capacidade da IA de transformar indústrias, otimizar processos e aumentar as capacidades humanas seja inegável, ela também traz novos riscos, como a opressão, invasões de privacidade e perda de autonomia.
Nesse contexto, os humanos devem adotar estratégias que aproveitem o potencial da IA enquanto se protegem contra seus perigos e tambem os principais aspectos do impacto da IA
Digitalização é o processo de converter informações em formato digital. Esse processo é a base da IA, permitindo a coleta e análise de grandes quantidades de dados. À medida que a IA cresce, ela se torna uma tecnologia 10X, caracterizada por ser mais rápida, forte, pequena e barata. A digitalização permite mudanças escaláveis no comportamento humano, impulsionadas pela proliferação de dados e pela crescente capacidade da IA de interpretá-los.
Coleta de Dados Digitais: os dados são o “sangue” da IA. A coleta de dados digitais evoluiu desde práticas formais visíveis na década de 1980 até os métodos mais invasivos vistos hoje, como o reconhecimento facial e o rastreamento por dispositivos IoT. A questão de quem possui esses dados é crucial, pois levanta questões de privacidade e controle. A convergência de aprendizado de máquina, gêmeos digitais e tecnologia 5G agrava essas preocupações, à medida que a linha entre informações privadas e públicas se torna cada vez mais tênue.
Tecnologias Disruptivas: A disrupção é uma característica marcante da influência da IA. Reconhecimento facial, gêmeos digitais e sistemas avançados de rastreamento estão mudando o cenário da privacidade e segurança. Essas tecnologias podem ser enganosas e disruptivas, desafiando normas existentes e introduzindo novas formas de vigilância e controle.
Desmaterialização: a IA também impulsiona a desmaterialização, onde produtos e processos físicos são substituídos por digitais. Essa mudança reduz custos e democratiza o acesso à informação e serviços, mas também cria novos desafios em termos de segurança de dados e uso ético da tecnologia.
Desmonetização e Guerras de Dados: o valor dos dados levou ao que pode ser chamado de “guerras de dados,” onde empresas e governos competem para controlar e monetizar informações pessoais. Leis de privacidade, como o GDPR na Europa e as regulamentações de privacidade da Califórnia, são tentativas de controlar essa competição desenfreada, mas também destacam a crescente tensão entre a liberdade pessoal e os interesses corporativos.
Democratização: finalmente, a IA promove a democratização, tornando tecnologias poderosas acessíveis a um público mais amplo. No entanto, essa democratização traz riscos, como a criação de “bolhas” informativas por meio de conteúdos personalizados e a manipulação de comportamento por meio de sugestões impulsionadas por IA.
Neste sentido, nossa atenção deve estar em impactos mais profundos da IA, como na forma como a digitalização muda o comportamento humano em escala. À medida que os sistemas de IA se tornam mais adeptos em analisar grandes quantidades de dados, eles começam a moldar o comportamento humano de maneiras sutis e nem tão sutis. A personalização e a modificação comportamental por meio de conteúdos direcionados podem reforçar crenças e comportamentos específicos, criando “bolhas” que isolam os indivíduos de perspectivas diferentes.
Além disso, a simples presença de sistemas de vigilância pode alterar o comportamento, pois as pessoas ajustam suas ações com base na percepção de que estão sendo observadas. Sistemas de crédito social impulsionados por IA, já em uso em alguns países, exemplificam como a IA pode impor normas e valores sociais, muitas vezes sem o consentimento dos que estão sendo monitorados.
O rápido avanço da IA e sua integração em quase todos os aspectos da vida humana destacam a necessidade de uma abordagem equilibrada. Embora a IA ofereça oportunidades sem precedentes para inovação e eficiência, ela também apresenta riscos significativos à privacidade, autonomia e normas sociais.
Compreendendo os principais aspectos do impacto da IA — digitalização, coleta de dados, tecnologias disruptivas, desmaterialização, desmonetização e democratização — os humanos podem aproveitar o poder da IA enquanto se protegem contra seus potenciais perigos.
Em última análise, o desafio não é rejeitar a IA, mas sim fazer uma parceria com ela, garantindo que ela sirva como uma ferramenta de empoderamento, e não de opressão. Como sabiamente afirmou Buckminster Fuller, “somos chamados a ser arquitetos do futuro, não suas vítimas.”
Ao combinar a IA com a criatividade e empatia humanas, podemos navegar pelas complexidades desta nova era, promovendo um futuro onde a IA enriquece, em vez de diminuir, nossa humanidade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS:
Fonte: SCInova / Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve sobre inteligência artificial na série “Diários da IA”
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