Para Dick, existem três possibilidades sobre a natureza do cosmos: um Universo físico, onde a vida é rara e acidental; um Universo biológico, onde a vida é comum; ou um Universo pós-biológico, onde civilizações evoluíram para formas de IA.
Em entrevista à revista Forbes, ele revelou que o cenário mais plausível seria o do Universo pós-biológico, no qual civilizações baseadas em carbono, como a nossa, teriam sido substituídas por formas avançadas de IA.
O cientista sugere que, assim como em filmes como “Matrix“, essas civilizações poderiam ter criado realidades simuladas – um reflexo do que a IA poderia alcançar. No entanto, Dick alerta que isso não significa que a humanidade está destinada a ser superada por máquinas.
Embora a transição para um estado pós-biológico não seja garantida, ele acredita que é possível, especialmente ao considerar a idade do Universo, que já conta com 13,7 bilhões de anos. Civilizações antigas podem ter superado os limites biológicos, atingindo um nível de desenvolvimento tecnológico bem além do que podemos imaginar.
Em um Universo com bilhões de anos de existência, seres inteligentes poderiam ter desenvolvido IA de forma exponencial, alcançando uma evolução sem fim. Para Dick, a falta de sinais de vida extraterrestre pode ser explicada justamente porque estamos procurando por formas biológicas, enquanto as civilizações mais avançadas podem existir em estados pós-biológicos, além do alcance de nossas tecnologias atuais.
Segundo o especialista, ao contrário das civilizações biológicas, as IAs avançadas seriam acumulativas. Em um estudo de 2003 publicado no International Journal of Astrobiology, Dick detalha como uma IA poderia transferir o conhecimento acumulado de uma geração para a próxima, criando um progresso exponencial de inteligência.
Isso faria com que as civilizações pós-biológicas avançassem de maneira muito mais rápida do que qualquer forma de vida biológica.
Detectar sinais de inteligência extraterrestre avançada ainda é um grande desafio. Dick relembra que, há poucas décadas, não se conheciam planetas fora do Sistema Solar, e, hoje, já são mais de 6.000 exoplanetas identificados. Mesmo assim, a busca por vida alienígena continua sem respostas definitivas.
A implicação de que não estamos sozinhos no cosmos seria revolucionária. Em 2013, o Fórum Econômico Mundial classificou a descoberta de vida alienígena como um dos “fatores X”, problemas científicos que, se encontrados, poderiam ter consequências imprevisíveis.
Para Dick, a astrobiologia vai além da busca por vida. Ela nos ajuda a entender a natureza do próprio Universo. A existência de um Universo físico, biológico ou pós-biológico pode alterar nossa percepção sobre o nosso lugar no cosmos.
Fonte: Olhar Digital / Por Flavia Correia
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