M&As viram rota de expansão para empresas de tecnologia em Santa Catarina

Movimento está integrado aos objetivos do Programa ACATE 1Bi, que reúne as maiores companhias catarinenses do setor
 
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Uma das principais estratégias para escalar negócios em meio a um cenário macroeconômico desafiador, as fusões e aquisições têm sido um dos fatores propulsores do crescimento no setor de tecnologia de Santa Catarina, que hoje corresponde a 7,75% do PIB estadual. Do início de 2024 até as primeiras semanas de novembro de 2025, cerca de 40 operações de M&A foram mapeadas pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE). Este movimento integra um cenário conectado ao propósito do ACATE 1Bi, programa lançado neste ano pela entidade, que reúne empresas do segmento com faturamento anual acima de R$ 30 milhões. A iniciativa busca estimular o crescimento de cada uma das participantes a patamares de R$ 100 milhões, R$ 500 milhões e até R$1 bilhão, além de inspirar e apoiar a escalada de outros negócios, por meio de eventos, mentorias e conteúdo especializado.

A maioria das M&As identificadas foi conduzida pelas companhias de Santa Catarina, totalizando cerca de 30 aquisições realizadas por empresas locais. Em contrapartida, 11 operações tiveram como compradores grupos de fora do estado, incluindo players internacionais como Visma (Noruega), Valsoft (Canadá) e Zucchetti (Itália). A principal transação no período foi a venda da Conta Azul (Joinville) para a Visma, por R$ 1,7 bilhão. “Temos observado um número crescente de empresas usando M&A como ferramenta para escalar com mais agilidade, diversificar soluções ou acelerar presença em novos mercados”, afirma Everton Gubert, CEO da Agriness e diretor do Programa. 

Conforme Bruno Watté, Sócio da Bateleur, mantenedora do ACATE 1Bi, Santa Catarina vem se consolidando como um polo relevante de M&A no segmento de tecnologia. “O volume e a sofisticação das transações têm crescido consistentemente. É perceptível que há uma engrenagem que começa a se retroalimentar, ganhando velocidade e maturidade”, comenta o executivo, que foi um dos palestrantes do segundo encontro do grupo, realizado no dia 14 de novembro, na Casa Hurbana, em Florianópolis, com patrocínio do International Tech Hub.

Também participou Luiz Guilherme Arakaki, Diretor da TOTVS, trazendo o exemplo da aquisição da RD Station pela TOTVS, em 2021, negócio que movimentou R$ 1,86 bilhão e integrou a companhia catarinense à maior empresa de tecnologia do Brasil. “Santa Catarina é reconhecida nacionalmente como um dos principais polos de inovação do país, com forte presença de startups e empresas de tecnologia que se destacam pela capacidade de criar soluções relevantes e escaláveis”, destaca Arakaki. “Inclusive, Joinville hoje é um polo fundamental para a TOTVS, abrigando um de nossos centros de pesquisa e desenvolvimento, além de operações comerciais e de serviços”.

O encontro teve, ainda, a presença de Bruno Ghisi, Cofundador da RD Station, empresa que passou pelo programa de incubação gerido pela ACATE em parceria com o Sebrae/SC, o MIDITEC. “Planejamos nosso crescimento vendo as dores do mercado ao tentar desenvolver uma máquina de vendas e sem estrutura para Marketing Digital. A partir disso conseguimos escalar de forma sustentável e captar grandes investimentos que nos permitiram crescer e continuar entregando valor para elas”, comenta Ghisi.

Interesse por ativos locais

Dados do relatório “Cenário Macroeconômico – 3º trimestre de 2025”, produzido pela Bateleur, indicam que Santa Catarina deve fechar 2025 com crescimento de 3,42%, enquanto a projeção do PIB nacional está em 2,14%. O setor de serviços, que inclui tecnologia e inovação, puxou o avanço regional, com crescimento de 5,4% em 12 meses, aliado a um aumento de 8,6% nos salários médios reais.

Além do desempenho econômico local, fatores como câmbio competitivo (com projeção de R$ 5,50/US$ até o fim de 2025) e diferencial de juros frente às economias desenvolvidas ampliaram o apetite de fundos internacionais e de empresas estrangeiras por ativos brasileiros, tendência refletida nas aquisições de empresas catarinenses por grupos globais. “O interesse estrangeiro por empresas locais cresceu, mas também observamos associadas buscando aquisições fora do Estado e até fora do país”, comenta Tulio Duarte, Vice-Presidente de Ecossistema da ACATE. “Esse é um sinal de que o ecossistema está pronto para dar saltos maiores.”

M&A como mecanismo de competitividade

A manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, aliada à desaceleração da economia e à pressão fiscal, cria um ambiente desafiador para crescimento orgânico, mas abre espaço para estratégias de aquisição como resposta à busca por escala e eficiência. “Em um cenário de crédito mais restrito, as empresas que têm estrutura de capital sólida se destacam. E são justamente essas as que estão dentro do ACATE 1Bi”, avalia o diretor do Programa. 

A expectativa da ACATE é que o número de operações de M&A continue elevado nos próximos anos, especialmente entre empresas médias com modelos SaaS, foco em B2B e potencial de internacionalização. O programa ACATE 1Bi hoje reúne representantes de 80 empresas de todo o estado e promove encontros periódicos com foco em conteúdo estratégico, conexões de negócios e trocas entre pares. “A força desses movimentos está menos no volume e mais na qualidade das transações. São aquisições que expandem portfólio, consolidam expertise e projetam empresas de Santa Catarina para o cenário nacional e global”, conclui Duarte, Vice-Presidente de Ecossistema da ACATE.

Fonte: ACATE – Associação Catarinense de Tecnologia

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