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[OPINIÃO] A Humanização da IA e a Robotização Humana

Enquanto a IA avança, nós, humanos, estamos passando por uma transformação menos positiva. A ascensão das redes sociais, dos algoritmos e tudo mais que contribui para isso, tem fomentado um ambiente onde o pensamento binário, polarizado, prevalece

Imagem: SC Inova+Dall-E

Estamos testemunhando um momento interessante em nossa história. Um fenômeno intrigante e paradoxal: a inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais humanizada, enquanto os humanos parecem estar se robotizando.

A IA, que inicialmente se destacou por sua capacidade de realizar tarefas repetitivas e processar grandes volumes de dados, agora está evoluindo a passos largos para incluir elementos emocionais e reflexivos em suas criações.

Ao mesmo tempo, observamos que as interações humanas estão se tornando mais mecanizadas, polarizadas e binárias, características que contrastam com a complexidade e profundidade do pensamento reflexivo que historicamente definiu nossa espécie.

Quem produz o quê?

Ferramentas de geração de texto baseadas em inteligência artificial podem produzir narrativas que não só informam, mas também emocionam e provocam reflexões profundas. Esses avanços tecnológicos têm permitido que a IA compreenda e emule sentimentos humanos, criando obras que ressoam emocionalmente com seu público.

Essa evolução é impressionante e sugere um futuro onde as máquinas não apenas compreendem nossas emoções, mas também contribuem para o nosso bem-estar emocional.

Já é chegado o ponto, inclusive, onde não se há mais clareza sobre quem produz o quê, entre homens e máquinas.

Aliás, em uma troca com o Caio Camargo escrevi que se você está preocupado em perder seu emprego por causa da IA, o problema não é a IA.

Isso porquê nós, humanos, estamos passando por uma transformação menos positiva. A ascensão das redes sociais, dos algoritmos e tudo mais que contribui para isso, tem fomentado um ambiente onde o pensamento binário, polarizado, prevalece.

E a ironia: ser binário é uma lógica computacional. 0 ou 1. Sem opções.

Isso, a longo prazo, vai destruindo o nosso senso crítico e nossa capacidade cognitiva que permite que boas decisões e escolhas sejam tomadas.

Influencers ou condutores?

Já não vejo mais tantos influencers, mas muitos condutores. Não há mais senso crítico na escolha, mas uma necessidade de pertencer e, principalmente, de não perder.

Cursos que não são vistos, produtos que não agregam, coisas que você não precisa, mas que usam de ferramentas que conduzem ao “COMPRAR” sem que se tenha controle sobre isso, numa lógica intencional de pastoreio.

Além disso, as discussões muitas vezes se reduzem a extremos simplistas de “certo” e “errado”, “nós” contra “eles”, deixando pouco espaço para nuances e reflexões profundas e necessárias.

Esse fenômeno tem impactos significativos na maneira como nos relacionamos e tomamos decisões. Na melhor das hipóteses, diminui nossa capacidade de empatia e compreensão mútua. Na pior… espera-se a eliminação do argumento alheio. Essa história já aconteceu na História e nunca terminou bem.

Essa robotização do pensamento humano se manifesta de várias maneiras.

Na política, por exemplo, a polarização extrema dificulta o diálogo e a cooperação, essenciais para a construção de sociedades justas, modernas e progressistas.

Na esfera pessoal, a comunicação simplificada e frequentemente agressiva pode enfraquecer relacionamentos e criar barreiras emocionais que conduzem ao isolamento e à deterioração da saúde mental, em todos os aspectos.

Aliado a tudo isso, uma pressão por produtividade e eficiência no ambiente de trabalho que busca uma mentalidade de “máquina”, onde os trabalhadores são valorizados mais por sua “dedicação extrema” do que por sua criatividade e capacidade crítica.

De onde vejo, esse contraste entre a humanização da inteligência artificial e a robotização humana levanta questões importantes sobre nosso futuro.

Existe um equilíbrio?

Como podemos garantir que a IA continue a evoluir de maneira que beneficie a sociedade, ao mesmo tempo em que trabalhamos para resgatar nossa própria capacidade de reflexão e empatia?

Tendo a pensar que a nossa comodidade, nossa zona de conforto, é o que estimula a isso tudo. E desequilibra.

Só nos é entregue o que queremos. Mas… sabemos o que queremos? O que queremos é o que precisamos? Entendemos que ganhos reais (relações verdadeiras, aprendizado, alimentação, exercícios físicos) necessitam esforço e comprometimento?

A resposta pode estar em encontrar um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e o cultivo das qualidades humanas que nos tornam únicos. Mas, como se regula isso?

Gosto de pensar numa educação que valorize o pensamento crítico, a empatia e a capacidade de reflexão é fundamental, ao invés do já ultrapassado sistema industrial de ensino que busca “uniformizar” humanos diferentes.

As empresas e organizações também desempenham um papel crucial ao incentivar ambientes de trabalho que valorizem a individualidade, a criatividade e o bem-estar emocional dos funcionários.

Políticas públicas que promovam o diálogo e a cooperação, em vez da divisão, são igualmente essenciais.

Enquanto avançamos em direção a um futuro cada vez mais integrado com a IA, é imperativo lembrar que a verdadeira inovação não reside apenas na criação de máquinas mais inteligentes, mas também no fortalecimento da nossa humanidade.

Só assim poderemos construir uma sociedade onde a tecnologia e pessoas coexistam em harmonia, beneficiando-se mutuamente e construindo um mundo sustentável.

Texto originalmente publicado aqui

Fonte: SC Inova / Por Felipe Gondin, especialista em Branding, CEO da Gondin Consultoria Criativa

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