[OPINIÃO] Cidades: por que precisamos repensar seu desenvolvimento e futuro

Os desafios urbanos estão cada vez mais complexos – e a sensação é que estamos caminhando na direção errada, buscando a solução apenas na tecnologia.

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Na foto, a 2a Turma do MBI em Smart Cities, durante aula magna, no último dia 09 de maio, no UniSENAI/SC em Joinville. / Foto: Divulgação

No último dia 9 de maio, no auditório da maior escola SESI do Brasil, em Joinville, demos início à segunda turma do MBI em Smart Cities — uma pós-graduação idealizada pela Câmara de Smart Cities da FIESC, em parceria com o UniSENAI de Santa Catarina. O curso não é apenas uma jornada de aprendizado teórico, mas um esforço concreto para contribuir com o desenvolvimento das cidades, cada vez mais envolvidas em problemas complexos, que exigem soluções inovadoras e a participação ativa de toda a sociedade — não apenas do poder público.

Por isso, o MBI organiza os alunos em squads, que, ao longo da jornada, desenvolvem projetos com potencial real de aplicação. A proposta é unir conhecimento, experiência e colaboração para resolver desafios urbanos ou explorar oportunidades que tornem as cidades mais eficientes.

As prefeituras de Joinville e Blumenau praticamente preencheram a turma, com cerca de 70 servidores inscritos — um sinal claro de que seus prefeitos compreendem a complexidade dos desafios atuais. Enfrentar o presente e preparar o futuro exige mais do que colher resultados do passado. Seja uma cidade pequena ou grande, rica ou referência em algum tema, desenvolver seus times e alinhá-los com objetivos estratégicos é essencial — algo que as empresas de sucesso sempre fizeram e continuam fazendo com ainda mais intensidade.

RESOLUÇÕES MUITO ALÉM DA TECNOLOGIA

Os desafios das cidades, hoje, vão além dos temas clássicos como saúde, segurança e educação. Basta observar questões como:

  • Abastecimento de água, esgotamento sanitário e balneabilidade
  • Áreas e populações em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua e zonas de consumo de drogas
  • Planejamento urbano sustentável, incluindo revisão dos planos diretores e legislações ambientais
  • Gestão de resíduos e economia circular
  • Atração, retenção e formação de talentos

Esses são apenas alguns dos desafios nos quais a tecnologia, sozinha, não resolve. Ela é um meio — poderoso, sim — mas que precisa ser integrado de forma estratégica. Um exemplo: qual o real impacto de instalar centenas de câmeras se elas não estiverem integradas a sistemas de inteligência artificial capazes de identificar comportamentos suspeitos, tentativas de assalto ou acidentes em tempo real? Sem isso, tornam-se apenas um investimento caro, com pouco resultado prático.

As cidades precisam ir além do “básico bem feito” — que, aliás, deveria ser o mínimo esperado. Precisam se atualizar como um software: abrir sua “API” para conexão com outros sistemas. E aqui não estamos falando de integração entre softwares, mas de articulação com o setor privado, a sociedade civil e universidades. Precisamos interagir com as cidades, moldá-las e vivê-las como plataformas ativas para o desenvolvimento das pessoas e dos negócios. 

“Enquanto seguirmos planejando em dias, continuaremos executando em anos.”

 

​​Ser um território que promove o sucesso das pessoas e dos negócios significa, sim, garantir saúde, segurança e educação, mas também criar um ambiente regulatório dinâmico, que estimule crescimento sustentável, compatível com a velocidade do mundo atual e com as expectativas de uma geração que já nasceu conectada e acostumada a se relacionar na velocidade de um click.

As cidades que compreenderem isso primeiro, e souberem ativar seus ativos de maneira inteligente, sairão na frente na corrida por talentos, investimentos e desenvolvimento. Afinal, como já disse Shakespeare:  “O que são as cidades, senão as pessoas?”

Blumenau e Joinville, ao que tudo indica, já compreenderam.

Fonte: SCInova / Por Jean Vogel, presidente da Câmara de Smart Cities da FIESC e CEO da Ecosystems.Builders

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