Recentemente, um papo do perfil Cartoon Base com Matt Selman, um dos produtores de Os Simpsons, repercutiu na internet. Na conversa, Selman dava uma singela explicação para a capacidade do desenho animado de “prever o futuro”.
De acordo com Selman, as ditas “previsões” dos Simpsons podem ser atribuídas a uma compreensão básica de dois assuntos: história e matemática. Ele prossegue dizendo que ao estudar história é possível “prever o futuro” porque a humanidade repete seus erros.
E que ao entender um mínimo de matemática, ainda de acordo com o produtor, percebe-se que ao longo de 800 episódios e milhares de piadas e temas abordados é impossível que alguns dos assuntos não aconteçam na vida real. Selman finaliza dizendo que a maioria das pessoas prefere uma explicação simples: “mágica”.
Então está revelado o segredo: matemática e história. A combinação das duas soa um pouco como a psico-história inventada por Isaac Asimov em seus livros da série Fundação. Mas como quase tudo na ficção, a combinação guarda relação com o mundo real.
Na Inteligência Competitiva e de Mercado (IC&M), as duas disciplinas são fundamentais. A matemática em função da análise de dados de mercado e estatística. Seu uso é óbvio e não preciso aprofundar muito para o leitor entender a sua necessidade.
Já a história vale uns parágrafos a mais. Isso porque o comportamento passado antecipa padrões de comportamento futuro, não só para pessoas, mas para empresas também.
Aquilo que chamamos de cultura organizacional é em última análise a personalidade da empresa. Existe uma metodologia em IC&M chamada de Análise de Cultura Decisória (DCA, Decision Culture Analysis, na sigla em inglês) que se propõe a analisar comportamentos passados dos líderes e tomadores de decisão em um concorrente para entender como reagirão a desafios semelhantes no futuro.
Outra ferramenta de IC&M que usa a compreensão do passado para antever comportamentos futuros é wargaming. Esse tipo de exercício é uma simulação em que os participantes personificam um concorrente. Um dossiê com o comportamento passado daquele competidor serve de base para a personificação.
Às vezes nossos clientes perguntam como fazemos análise de tendências. A escolha do método e das ferramentas que vão gerar uma análise desse tipo vai depender da indústria e do ambiente competitivo.
Por vezes, uma simulação com base em dados passados fornece indicativos suficientes. Em outros casos, é preciso mergulhar nos perfis dos responsáveis por políticas públicas. Em outros, ainda, é necessário entender o comportamento dos consumidores, fornecedores e concorrentes.
Mas, como nos Simpsons, boa parte das respostas está na história e na matemática.
Fonte: Por Giancarlo Proença, diretor executivo da Link Estratégia, CI Director da Software Pricing Partners e LATAM Regional Manager do Bennion Group. Escreve mensalmente sobre Inteligência Competitiva.
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