As condições atmosféricas atuais de Marte impossibilitam o surgimento de vida. No entanto, uma quantidade de efeito estufa ideal poderia ser suficiente para aquecer o planeta e até permitir o crescimento de árvores em uma região específica.
Foi isso o que pesquisadores resolveram medir: a quantidade de dióxido de carbono necessário para elevar a temperatura do Planeta Vermelho o suficiente para sustentar o crescimento de plantas. O local onde isso aconteceria, no entanto, foi uma surpresa.
Atualmente, uma viagem de ida e volta a Marte levaria cerca de três anos, com riscos relacionados à radiação prolongada e outros fatores – como a microgravidade, que pode causar perda de massa óssea e atrofia muscular. Porém, com os asteroides servindo praticamente como ônibus espaciais, seria possível realizar o trajeto em um período de tempo muito menor.
Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Varsóvia (Polônia), liderados por Robert Olszewski, analisaram as condições para cultivo de plantas em Marte. Para isso, eles estudaram o balanço de energia do planeta, como troca de calor entre a condensação e evaporação de dióxido de carbono, troca de calor com o subsolo e circulação atmosférica.
Eles fizeram descoberta surpreendente. As reações que permitem o crescimento de plantas no Planeta Vermelho não acontecem primeiro nos trópicos, regiões que costumam ser mais quentes, mas, sim, em local conhecido como Bacia de Hellas, no hemisfério sul. Isso porque um aumento no efeito estufa expandiria a área adequada para o crescimento de vida.
Para chegar nessa conclusão, a equipe usou dados de temperatura e pressão coletados pelo módulo de pouso Viking desde 1970 e realizou simulações de processos em Marte. Então, eles investigaram as consequências do aumento de dióxido de carbono e do aquecimento causados pelo efeito estufa.
A equipe também analisou a pressão de Marte, a porcentagem de dióxido de carbono aceitável, de oxigênio necessário, de água disponível e faixas de temperatura para possibilitar o crescimento de árvores. O foco foi na temperatura, que, de acordo com o Space.com, é o principal fator responsável por controlar o ciclo de CO₂ e formação de água.
A pesquisa, no entanto, apontou que as condições atmosféricas atuais de Marte ainda não são suficientes para surgimento de plantas nos trópicos.
Segundo Olszewski, a temperatura de Marte precisaria ser dezenas de graus mais alta e com flutuações diurnas muito menores para possibilitar o crescimento de árvores. Além disso, a estação de crescimento das plantas precisaria durar pelo menos 110 dias marcianos.
Diante disso, a região que pode abrigar a primeira planta marciana (considerando as condições ideais de efeito estufa) está localizada no equador térmico ao invés dos trópicos. Ou seja, as primeiras árvores de Marte podem nascer nas áreas equatoriais – e não tropicais.
Fonte: Olhar Digital / Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli
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