Existe uma chance bem grande (de 90%) das médias das temperaturas quebrarem recordes de alta ao redor do mundo até junho de 2024. O culpado? El Niño (com ajuda das mudanças climáticas, claro). É o que aponta uma pesquisa publicada na revista Scientific Reports na quinta-feira (29).
Alguns lugares vão esquentar mais que outros. É o caso de partes da Ásia, por exemplo. A preocupação não se limita apenas ao calorão em si, mas ao seu efeito cascata. É que a alta das médias das temperaturas globais também puxa para cima os riscos de seca e incêndios florestais.
O fenômeno climático El Niño, exacerbado pelas mudanças climáticas, é um padrão climático natural que, em sua fase quente, enfraquece os ventos alísios – ventos constantes, causados pela rotação da Terra, que sopram de leste para oeste nas regiões tropicais e subtropicais. Resultado: aquecimento significativo de grandes áreas do Oceano Pacífico, o que influencia o clima global.
Deliang Chen, um dos autores do estudo e professor na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, expressou preocupação com os possíveis impactos desse aquecimento, enfatizando a importância de alertar a população sobre os riscos associados. O estudo revela como o El Niño pode levar a variações climáticas extremas, dependendo da região.
Em 2023, o desenvolvimento de um El Niño em junho já havia sido previsto para causar desordem climática. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que, combinado com as mudanças climáticas, isso poderia elevar as temperaturas globais a níveis sem precedentes. De fato, 2023 foi o ano mais quente registrado desde 1850, possivelmente sendo o mais quente em pelo menos 100 mil anos.
Para 2024, os pesquisadores modelaram dois cenários possíveis: um El Niño moderado e um El Niño forte (como demonstrado na imagem acima). Sob um El Niño moderado, regiões como a Baía de Bengala e as Filipinas seriam as mais afetadas. Essas regiões enfrentariam seca contínua e ondas de calor marinhas que podem danificar recifes de coral vitais para as comunidades locais.
Já um El Niño forte poderia trazer recordes de temperatura em regiões como o Caribe, Mar da China Meridional, Amazônia e Alasca. Essas condições extremas poderiam causar ondas de calor marinhas prolongadas e secas severas, resultando em incêndios florestais na Amazônia e perda acelerada de gelo no Alasca, com impactos econômicos globais significativos.
Atualmente, um El Niño moderado parece ser o cenário mais provável para este ano, o que ainda assim deverá levar a um novo recorde de temperatura média global da superfície até junho. Apesar da expectativa de que o El Niño termine até lá, é importante lembrar que esse fenômeno tende a retornar a cada dois a sete anos, o que destaca a necessidade de vigilância e preparação contínuas.
Fonte: Olhar Digital / Pedro Spadoni
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