Houve um tempo em que os festivais da canção eram o grande palco de descobertas da música brasileira.
Das noites memoráveis de TV que, na década de 1960, abriram caminho para grandes talentos, àqueles encontros de interior que faziam tremer ginásios e teatros, a força dos festivais sempre foi maior que o simples ato de cantar: era a afirmação da cultura, o nascimento de carreiras e a consagração da arte como identidade de um povo.
Festival é arte necessária. Que saibamos manter aberta essa janela de oportunidades para que novos nomes deixem o anonimato e encontrem a vitrine que tanto sonham. Promover um festival não é apenas realizar um evento; é movimentar a economia criativa, atrair público, motivar artistas e, sobretudo, reafirmar o valor da cultura como eixo estratégico para o desenvolvimento de nossas cidades.
Alguns festivais nasceram do próprio impulso dos artistas, outros se mantêm graças a entidades comprometidas. Mas todos compartilham o mesmo DNA: paixão pela música e compromisso com a arte.
Tenho trabalhado ao lado de valentes defensores desse campo artístico, que se dedicam à organização, à contratação de grandes bandas e à valorização da figura do apresentador — peça essencial que contribui com oratória, experiência de palco, sensibilidade e talento artístico.
Mais do que conduzir o certame, cabe ao mestre de cerimônias compreender a essência do espetáculo, respeitar os artistas, valorizar cada apresentação e garantir que o evento transcorra com beleza, ética e arte.
O apresentador é o elo que transforma uma competição em celebração cultural.
Parabéns aos prefeitos, gestores culturais e lideranças que compreendem que investir em festivais é investir na autoestima de suas comunidades. É dar vez e voz à juventude criativa que, muitas vezes, compõe no silêncio dos quartos, canta em bares ou pequenas rodas e precisa de um palco digno para florescer.
Em Santa Catarina, temos exemplos que resistem ao tempo e provam que a ideia funciona.
O FLIC, em São Lourenço do Oeste, já soma mais de 52 edições; o FIMUSI, em Irani, coleciona 35 edições, consolidando-se como referência; o Canta Piratuba, com 17 edições; o Canto Livre, de Concórdia, com 15 edições; o Festival de Ipumirim, com 14 edições; e o FIMPS, de Lindóia do Sul, com 13 edições. Em Erval Velho, o Canto Novo, em sua oitava edição, vai firmando-se no calendário cultural, da mesma forma avança o “FEMUSMO”, de São Miguel do Oeste com 3 lindas edições, entre outros.
Seja pelo poder público, por entidades culturais ou pela iniciativa dos próprios artistas, os festivais da canção seguem pulsando, mostrando a vitalidade musical de nossa gente. Porque a música vai além do palco: ela alcança a alma da cidade, ecoa na memória do povo e marca para sempre a trajetória de quem participa.
Sim! Os festivais voltaram.
E cabe a nós — gestores, artistas e público — garantir que eles permaneçam, especialmente com premiações criteriosas e generosas, já que muitos cantores se preparam, desenvolvem novas técnicas, viajam longas distâncias e levam aos festivais a grandeza de seu canto.
Seja pelo sonho do estrelato, pelo manusear de um troféu ou simplesmente pelo prazer de cantar e aquecer a alma ao calor dos aplausos, cada artista faz do festival um marco inesquecível.
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