Como um protótipo improvisado mostrou que o mercado estava pronto mesmo sem um único código

O primeiro protótipo da SmartMatch era tão feio que dava vergonha de mostrar. E foi exatamente isso que deu certo

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O projeto nasceu dentro de uma disciplina optativa de empreendedorismo, em uma universidade pública do sul do Brasil. O desafio era criar uma solução digital para um problema real. O grupo de quatro estudantes — Lucas, Paola, Eduardo e Jéssica — decidiu trabalhar com um tema que vivenciavam de perto: a dificuldade dos estudantes de encontrarem estágios que realmente fizessem sentido para suas áreas de formação.

Cansados de plataformas genéricas, vagas mal descritas e estágios que mais pareciam subempregos disfarçados, decidiram criar uma solução mais inteligente: uma plataforma que conectasse estudantes a oportunidades de estágio com base em competências, propósito e perfil comportamental. Uma espécie de “Tinder do estágio”.

O conceito era bom. Mas o prazo era curto. E o orçamento? Zero.

Sem saber programar, fizeram tudo no braço: usaram o Google Forms para coletar dados de alunos, criaram um perfil fictício de empresa, automatizaram partes da jornada com Zapier e Google Sheets, e desenvolveram um “dashboard” de pareamento com um template gratuito do Notion. Tudo interligado com WhatsApp — onde uma das integrantes respondia manualmente como se fosse um bot.

Era um caos elegante. Mas funcionava.

Nos primeiros testes, atenderam 37 estudantes em duas semanas. O mais surpreendente? 19 deles foram conectados a vagas que resultaram em entrevistas reais.
Tudo isso sem app, sem código e sem promessas exageradas. O que havia ali era compreensão da dor, criatividade na entrega e humildade para ouvir o feedback.

Mas nem tudo foi fácil.

Logo no início, um professor sugeriu:

“Por que vocês não esperam ter o produto pronto pra testar?”

A resposta de Lucas foi direta:

“Se a dor é real, o cliente não vai exigir perfeição. Ele só quer alívio.”

Essa foi a lógica do MVP deles: entregar o essencial, do jeito possível, para ver se a proposta fazia sentido.
E fez.

A partir do piloto, foram convidados para apresentar o projeto em uma feira universitária. Com base nos dados coletados, conseguiram apoio da reitoria para estruturar uma versão mais robusta. E com esse apoio, validaram algo ainda maior: a possibilidade de criar um hub de desenvolvimento de carreiras dentro da universidade, usando tecnologia acessível e orientação personalizada.

Hoje, dois anos depois, o SmartMatch ainda está longe de ser um app de milhões. Mas virou um projeto incubado, com apoio institucional e usuários reais. E tudo começou com papel, fita crepe e uma planilha no Google Drive.

Aprendizados do episódio:

  • Um MVP não precisa ser bonito — precisa ser funcional o suficiente para validar uma hipótese.
  • O mercado não exige perfeição. Exige utilidade. Se a dor é urgente, o cliente tolera improviso.
  • Quanto mais cedo você testa, mais rápido aprende. E quanto mais aprende, menos você desperdiça.

No próximo episódio: Pitch: seduzir sem enganar. Como uma fundadora quase conquistou investimento — até perceber que estava vendendo um sonho que não sabia se podia entregar.

Se este episódio fez sentido pra você: compartilhe com alguém que ainda está esperando o “produto perfeito” para começar. Às vezes, tudo o que você precisa é de um formulário, um cliente e coragem para testar.

Fonte:Economia SC / Geraldo Campos/ CEO da Sapienza.

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