Os jogos realizados em Tóquio foram os primeiros a serem transmitidos via satélite para os outros continentes. A África do Sul, foi proibida de participar devido ao seu infame regime segregacionista do apartheid, podendo retornar aos jogos somente em 1992, competido em Barcelona, Espanha.
Estabelecido em 1948 pelo Partido dos Nacionalistas, este que representava os interesses das elites brancas da minoria boere, o regime ascendeu ao poder e bloqueou a política integracionista que vinha sendo praticada pelo governo central. Após 1948 o sistema segregacionista racial atingiu seu auge, abolindo definitivamente alguns direitos políticos e sociais em algumas províncias sul-africanas.
A segregação racial assumiu enorme extensão permeando todos os espaços e relações sociais, proibindo casamento entre brancos e negros, assim como os negros não podiam usar transporte coletivos entre outros. Durante os anos 70 houve revoltas sociais promovidas pela maioria dos negros, porém foram reprimidas. O governo de Peter Botta (85-88) tentou eliminar os opositores brancos ao governo e as revoltas raciais foram duramente reprimidas.
A situação foi se deteriorando com a intensificação das revoltas sociais das pressões internacionais pelo fim do infame apartheid. Em 1989 Frederic Klerk assumiu a presidência e prometeu eleições livres em 1993, cujo vencedor Nelson Mandela foi eleito e é até hoje um ícone no país e no mundo pela luta contra o regime segregacionista.
Em maio de 1967 o Egito declarou ‘estado de alerta’ e movimentou tropas no Deserto de Sinai, exigindo a saída das forças de segurança da ONU (presentes desde 1957). Além disso bloqueou o Estreito de Tiran, que dá acesso ao Mar Vermelho os navios israelenses. Esse bloqueio foi considerado por Israel como um ato de guerra, e decidiu lançar um ataque preventivo aéreo e terrestre contra Egito, Síria e Jordania. Dentre as ações feitas cita-se a invasão do Sinai e Gaza, Jerusalém Oriental, Cisjordânia e as Colinas de Golã (Síria).
Esse conflito foi importante, pois redesenhou o mapa da região e ainda repercute o processo de paz 50 anos depois. Além disso é caracterizado pela construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia. Em 1982, o governo israelense devolve o Sinai ao Egito, em 2005 se retira de Gaza, entretanto Golã permanece sob controle israelense.
O terrorismo refere-se a ‘tentativas de alcançar fins políticos, recorrendo à violência para criar um clima de medo, apreensão e incerteza”. Foi através desse ato que em 5 de setembro de 1972, membros do grupo Setembro Negro chamaram a atenção ao mundo nas Olimpíadas de Munique, na Alemanha. Esse grupo nasceu da dissidência da Organização para Libertação da Palestina (OLP) no fim 1970, sob a liderança de Ali Hassan Salameh.
O plano era sequestrar integrantes israelenses e ter como moeda de troca. Após a negativa das autoridades alemãs nas negociações, os terroristas exigiram um helicóptero e um avião para ir ao Cairo, Egito. O governo alemão disponibilizou o helicóptero, e montou uma emboscada no avião para surpreender os terroristas. Entretanto o plano foi descoberto pelos terroristas, ocasionando tiroteios e culminando na morte de 17 pessoas, sendo 1 policial, 11 reféns israelenses (5 atletas e 6 treinadores) e 5 terroristas.
Em 6 de outubro de 1973, Egito e Síria efetuam um ataque surpresa em Israel no dia de Yom Kippur, uma data sagrada calendário judaico. O Egito ataca a Península de Sinai, enquanto os sírios à Colina de Golã (ambos ocupados Guerra dos Seis Dias). Devido a ser o período de Guerra Fria, a URSS enviou conselheiros aos militares árabes e os Estados Unidos apoiaram Israel.
O conflito durou 18 dias e matou aproximadamente 18 mil pessoas, finalizado com uma resolução da ONU pedindo o cessar-fogo. Entre as consequências do conflito estão a união partidos nacionalistas israelenses, formando o Likud (partido de Benjamin Netanhyahu); aproximação do Egito com os Estados Unidos, até o reconhecimento do estado israelense pelos egípcios. Em 1982 Israel se retira do Sinai, porém não faz acordo com os sírios e continua ocupando as Colinas de Golã.
Realizado em Montreal, no Canadá, foram os primeiros jogos marcados por um grande boicote. Foram 29 os países que não participaram, em sua maioria africanos, pois o Comitê Olímpico Internacional se recusou a banir a Nova Zelândia depois da equipe de rúgbi ir à África do Sul (embargo esportivo ao regime do apartheid). Assim como em muitas ocasiões, a punição foi feita apenas a bel prazer, demonstrando que a instituição trabalha a quem lhe for conveniente.
A URSS interveio no Afeganistão em 1979 como forma de estabilizar o governo pró-comunista afegão e conter a influência ocidental. Essa invasão foi denunciada e contra-atacada por guerrilheiros apoiados pelos Estados Unidos, denominados mujahidin (مجاهدين), que usavam táticas de guerrilhas. Os conflitos eram constantes e desgastaram os soviéticos, que após dez anos se retiraram. Com sua saída os mujahidins iniciaram uma guerra civil pelo poder, permitindo o surgimento do grupo Talibã, grupo fundamentalista islâmico e que assumiria o poder no país.
Por conta dessa invasão, 69 países boicotaram os jogos em solo soviético. Além disso, organizaram na Filadélfia (Estados Unidos) os “Jogos Olímpicos de Boicote”. Foi a primeira vez que não houve a transferência da bandeira olímpica entre cidade-sede, Moscou-Los Angeles, mostrando que o espírito olímpico estava em segundo plano naquele contexto.
Os jogos de Los Angeles reuniram 140 países, porém 14 países do bloco comunista responderam ao boicote anterior na mesma moeda. Apenas a Romênia foi o único país da “cortina de ferro” a participar do evento.
Em 1979, Maurice Bishop tomou o poder no país de Granada, no Caribe, e estabeleceu um governo esquerdista, se alinhando ao bloco soviético. O governo local construiu um aeroporto, financiado por Cuba, e prontamente os norte-americanos alegaram que ele seria usado para transportes de armas soviéticas.
Em outubro de 1983, Bernard Coard rompem com Bishop, e o prendem e executam. Alegando que a Organização de Estados do Caribe Oriental (Barbados e Jamaica) lhe pediram ajuda e que precisavam defender os estudantes norte-americanos que estavam presentes na ilha, o governo dos Estados Unidos aprovam uma operação militar. Em 25 de outubro de 1983, foi feita a operação, tendo encontrado muito pouca resistência. Nesse caso, pode-se ver que o Comitê Olímpico não só se eximiu não proibindo os Estados Unidos de participar, como também deixou que o país fosse sede nos Jogos no ano seguinte, 1984. Não é (nem será) a primeira vez que o país invadirá um país soberano e saia sem sanção de qualquer forma.
Outro fato que merece destaque nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, é a estreia da China nos jogos, depois de uma presença simbólica em 1952.
A Guerra Civil Chinesa foi uma série de conflitos envolvendo nacionalistas e comunistas. No ano de 1949 a vitória é conquistada pelo lado comunista, liderada por Mao-Tse Tung. Derrotado, o líder nacionalista Chiang Kai-Shek refugia-se na Ilha de Taiwan, formando um governo autônomo e com apoio norte-americano. Até hoje o governo chinês considera Taiwan uma província rebelde e não um Estado independente.
Nas Olimpíadas a geopolítica se vê muito dinâmica através dos anos, tanto por qual representa de fato, bandeira e até mesmo o nome e sigla a ser usada. Conforme pode ser vista na tabela até hoje há um embate em torno da representatividade e uso de imagem e nome durante os jogos.
A Península da Coréia foi anexada pelo Império Japonês no ano de 1910. Com a rendição japonesa ao findar a Segunda Guerra Mundial em 1945, a Coréia é dividida entre o norte comunista, e o sul capitalista. Em 1950 se inicia a Guerra da Coréia, cujo norte comunista é influenciado pelos soviéticos, e o sul capitalista pelos Estados Unidos.
Os conflitos se estendem até 1953 quando o armistício cria a Zona Desmilitarizada da Coréia, passando pelo paralelo 38. A tensão se dá até aos dias de hoje e oficialmente o conflito não terminou. A escolha de Seul, Coréia do Sul para sediar a Olimpíada de 1988, fez com que a Coréia do Norte apresentasse ao COI uma exigência de sede conjunta dos jogos, o que fora negado. Com a negativa do Órgão esportivo, a Coreia do Norte, Cuba e Nicarágua abandonam de participar do evento.
O poder pode ser definido como “a habilidade de chegar ao objetivo desejado ou de influenciar os demais a seguirem os seus comandos “. Para exercê-lo os estados podem usar duas formas, hard e soft power. Entende-se por hard power a capacidade de levar o outro a fazer o que queremos usando os meios de demonstração de força, seja militarmente, via sanção econômica ou incentivos fiscais por exemplos. Já o soft power é a habilidade de modelar os desejos dos outros, ou seja, gerar tamanha atração que o outro escolhe seguir o seu exemplo.
Pode ser feito através da cultura (cinema, música, etc), pelos valores políticos ou política externa. Sendo assim, sediar os Jogos Olímpicos é uma forma do país anfitrião promover a sua propaganda política, mas outras nações também aproveitam para provar superioridade. Muitas cidades por exemplo foram colocadas de volta nos mapas dos jogos, como Barcelona (1992).
Já nas Olimpíadas do Brasil em 2016, o país usou o soft power com a montagem da delegação/ equipe de refugiados, formando uma medida arquitetada para transmitir a nação brasileira como um país humanitário e patrono do espírito olímpico. O soft power foi usado pelos sul-coreanos, uma vez que elevaram a imagem internacional do país, sua cultura mundo afora. Ademais o evento foi muito importante pois serviu como orgulho nacional sul-coreano.
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