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Olimpíadas: História Mundial e a Política - Parte Final

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Continuação

1992. BARCELONA, ESPANHA

O fim da URSS em 1991

A URSS com a Guerra do Afeganistão (1979-1989), somada ao acidente de Chernobyl (1986), passava por um enfraquecimento de sua economia. Em 1985 Gorbachev assumiu e tentou reformas como a glasnost (realização de abertura política para reduzir o autoritarismo) e a perestroika (permitia a abertura econômica, recebesse investimentos privados).

Essa política descontentou os militares, que tentaram tomar o poder em agosto de 1991, mas fracassaram. Essa tentativa gerou diversos movimentos de autodeterminação, acarretando a renúncia de Gorbachev em 25 de dezembro de 1991. No dia seguinte a URSS foi dissolvida, originando o surgimento de diversas repúblicas soviéticas.

Essas repúblicas competiram como Equipe Unificada, com bandeira olímpica. Os países que faziam parte dessa equipe eram: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

Paises da ex URSS

Guerra da Iugoslávia 1991-2001

Josip Broz Tito governou a Iugoslávia com mão de ferro de 1945 a 1980, fato esse que facilitou o combate a tentativas de separatismos. O país era composto por 6 repúblicas e 2 províncias autônomas, formando um caldeirão de culturas e de religiões, nacionalidades. Porém, com a morte de Tito, somado ao enfraquecimento do sistema comunista, começou a perda do controle do país.

A Eslovênia foi o primeiro a se tornar independente, e por ter poucos sérvios em poucos dias foi reconhecida. A Croácia veio em seguida, porém o líder sérvio Slobodan Milosevic não aceitou o pedido e invadiu o país, porém teve que lidar com a intervenção da ONU e Comunidade Europeia, sendo obrigado a se retirar e aceitar a independência.

Em 1992 Bósnia Herzegovina tentara, mas começou uma guerra sangrenta, resultando no cerco à Sarajevo, e uma limpeza étnica e massacres coletivos de bósnios pelas tropas sérvias. O Kosovo, região com maioria étnica albanesa tentou sua independência com a formação do Exército de Libertação de Kosovo (ELK), cujo governo sérvio o classificara como grupo terrorista.

Os conflitos eram constantes, até que a OTAN atacou a capital sérvia Belgrado em março de 1999. Em 2003, através de um referendo, a Iugoslávia deu origem à Servia e Montenegro, e apenas 3 anos depois Montenegro se tornou um Estado soberano, deixando a Sérvia com o que restou da antiga Ex-Iugoslávia. Devido ao conflito, a Iugoslávia não foi autorizada pelo COI a participar dos jogos em Barcelona.

Alguns paises que nao existem mais

1996. ATLANTA, ESTADOS UNIDOS

As bandeiras como símbolos nacionais

As bandeiras nacionais tentam reunir em um pedaço de pano com cores um conjunto de ideias, histórias, crenças e objetivos de um povo. Exercem muito poder, comunicando ideias e inspira fortemente as emoções humanas. Além disso são únicas, singulares, personificando a nação e despertando emoções.

São através das bandeiras que muitas paixões e ódio são despertadas, muitas delas simbolizando o “nós contra eles”. Em eventos como os Jogos Olímpicos, as bandeiras possuem muito significado de identificação tanto para atletas como telespectadores, e o banimento do seu uso é uma punição contra todos, não somente política. As bandeiras ainda representam esperanças, sonhos, muitas delas são queimadas, agitadas, possuindo diferentes significados para as pessoas.

Além do mais por esse pedaço de pano, muitos dão a própria vida, mesmo em pleno século XXI. Durante os jogos de Atlanta, 1996, a Autoridade Palestina estreia nos jogos e pode ver tremular pela primeira vez sua bandeira no evento.

Alguns paises que mudaram a bandeira e o nome

2004. ATENAS, GRÉCIA

Invasão norte-americana no Iraque em 2001

Nos anos 90-91 a coalização liderada pelos Estados Unidos expulsara os invasores iraquianos no Kuwait. Com a Resolução 687 da ONU, fora ordenado que o Iraque destruísse todas as armas de destruição em massa. Em1998 o Iraque suspendeu a cooperação com inspetores da ONU, culminando em uma retaliação dos Estados Unidos e Reino Unido através de ataques aéreos. Anos mais tarde, com o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos afirmavam que Saddam Hussein continuava fabricando e estocando armas de destruição em massa, fazendo parte do “Eixo do Mal”, junto à Irã e Coréia do Norte.

Em fevereiro de 2003 os norte-americanos pediram ao Conselho de Segurança da ONU que aprovasse uma ação militar ao Iraque, mas não o convenceu. Mesmo assim os Estados Unidos não esperaram e criaram uma coalisão junto ao Reino Unido, Austrália e Polônia e em 20 de março de 2003 o país foi invadido com a Operação Iraqi Freedom. Em maio daquele mesmo ano o regime caiu, e Saddam Hussein foi capturado, julgado e enforcado, deixando uma país divido por insurgentes e guerra civil.

As tropas americanas se retiraram em 2011, deixando um legado de mais de 461 mil mortes, e um custo de guerra de US$ 3 trilhões aos cofres dos Estados Unidos. O que chama a atenção é que não foi comprovado depois que o governo iraquiano detinha armas de destruição em massa.

A invasão ao Afeganistão

Em 2001 os Estados Unidos agiram contra o talibã em reação ao ataque de 11 de setembro 2001, se juntando à Organização da Aliança do Norte. Mohammed Omar controlava 90% do território afegão, embora apenas 3 países reconhecessem o governo talibã naquele momento: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Paquistão. O presidente norte-americano George W.Bush ordenou a invasão do país depois que recusaram a entregar Osama Bin Laden,  segundo ele, arquiteto responsável pelo atentado às Torres Gêmeas em Nova Iorque. As tropas norte-americanas permaneceram em solo afegão até 2021, cuja saída dos últimos soldados do aeroporto de Cabul foi um dos momentos mais chocantes, com centenas de cidadãos afegãos tentando em desespero entrar junto às aeronaves, inclusive se agarrando aos pneus dos aviões mesmo com esses em decolagem.

Os jogos de Atenas reuniram 201 países, e as emissoras autorizadas puderam veicular a cobertura em vídeo pela internet. Mais uma vez o COI nada fez quanto a proibir os Estados Unidos que invadiu dois Estados soberanos.

2008. PEQUIM, CHINA

Os jogos de Pequim foram marcados por inúmeros protestos anti-China no revezamento das tochas, antes mesmo da abertura. Diversos manifestantes em pró-direitos humanos e pró-Tibet, tentaram por diversos motivos chamar a atenção dessas causas. O governo chinês fez uma rota para que a tocha olímpica passasse, até que chegasse à cidade-sede, Pequim. Porém, Taiwan proibiu a passagem em solo local, alegando que a rota faria com que parecesse ser parte de jornada doméstica e não internacional. Ademais, Taiwan competiu com bandeira do comitê olímpico e sob nome Taipé Chinesa.

2020. TÓQUIO, JAPÃO

Feito em 2021 devido a pandemia COVID que assolou o mundo, foi realizado em grande parte de portas fechadas, sem a presença de espectadores.

A Federação da Rússia foi proibida em 2019 de participar por 4 anos de todos os principais eventos esportivos, por ter montado um esquema generalizado de doping patrocinado pelo governo central. Dessa forma nem Bandeira nem hino são permitidos. Com isso a bandeira do Comitê Olímpico Russo (ROC) seria usada, e como hino o concerto de piano 1 de Pyotr Tchaikovsky. Em contrapartida os russos alegam que a proibição é “histeria crônica anti-Rússia”.

Os 206 membros do COI

2024. PARIS,FRANÇA

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 constituem grandes desafios

Em 20 de março de 2024 os atletas russos e Bielorussos não podem participar da abertura representando seus países. Isso faz parte da sanção decorrente da guerra ucraniana. A invasão russa à Ucrânia, segundo o COI, tem como Belarus uma aliada direta de Putin no conflito, merecendo ser sancionada sua participação também. Ambos participação como “Atletas Individuais Neutros “(AIN): bandeira é azul esverdeada com símbolo branco, implica proibição de quaisquer símbolos nacionais ou políticos. Em sua defesa, a Rússia alega que o comitê está “destruindo as ideias do espirito olímpico”.

Outro fator que merece atenção é quanto à causa Palestina. Palco de diversas manifestações nos recentes embates entre Israel e Hamas, Paris deverá ficar bem atenta quanto à questão de segurança. Cabe destacar que a França detém a maior presença islâmica no mundo Ocidental, principalmente pela imigração de suas ex-colônias no Magreb (norte africano). Na parte desportiva também merece destaque, haja vista que nas Olimpíadas de Tóquio, os judocas, o argelino Fethi Nourine e o sudanês Mohamed Abdalarasool se recusaram a lutar com o atleta israelense.

Finalmente, a Olimpíada de Paris testemunhará um embate esportivo (e ideológico) norte-americano e chinês. Não há dúvidas alguma que ambos buscarão ao máximo a liderança pelo quadro de medalhas, mostrando o aumento de acirramento que ambas as potências teem ultimamente, seja de poder, política e econômica.

Conclusão

Os Jogos Olímpicos é um meio onde não somente os esportes são importantes, mas também é onde as culturas, economias, políticas e tecnologias acabam se emaranhando nas relações humanas. O mundo aguarda o desfile dos países participantes, onde todos esses elementos mostrando quanto cada parte do mundo é semelhante e diferente ao mesmo tempo.

Para a maioria dos competidores o momento de êxtase, além da conquista pessoal, é a identificação com o local que o representa, cuja resposta são nas lágrimas no pódio ao ver sua bandeira e escutar seu hino tocado.

Infelizmente o Comitê Olímpico Internacional por diversas vezes na História mostrou-se parcial, agindo de acordo com os interesses de alguns países. É a oportunidade não somente do comitê, mas também nós como seres humanos manter a chama do espírito olímpico não somente a cada 4 anos, mas fazer com que ele seja propagado todos os dias, ainda mais em um mundo incerto e sem empatia.

A ideia do Barão de Coubertin de fazer um evento global esportivo sem a profusão de política, mostrou conforme o passar do século, que o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna era muito inocente, ou um grande visionário que até o momento ainda não conseguimos enxergar o mesmo que ele.

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Escrito por Leonardo Dariva

Relações Internacionais

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