Reunir as informações do agro catarinense em um único “endereço”. Esse projeto se tornou realidade em 2022, quando a Epagri lançou o Observatório Agro Catarinense. Esse ambiente inovador trouxe uma visão de planejamento inédita para governo, entidades e representantes do setor agropecuário. As informações e análises disponíveis na página www.observatorioagro.sc.gov.br têm apoiado a tomada de decisões e a definição de rumos para o setor, gerando impacto positivo na vida de milhões de catarinenses e também na economia do Estado.
O Observatório Agro Catarinense permite fazer a gestão orientada por dados (data-driven), uma tendência em diferentes setores da economia e da administração. A ideia central é que, com a disponibilização de bancos de dados digitais e de ferramentas potentes de análise dos dados, seja possível obter mais agilidade e eficiência nos esforços e recursos empregados em qualquer atividade. Apenas em 2023, a página recebeu 83 mil visitas, ou seja, obteve cerca de 7 mil visualizações por mês.
O Observatório apresenta mais de 110 painéis interativos desenvolvidos a partir de, pelo menos, 236 bases de dados. Parte dessas bases foi disponibilizada por meio de acordos de cooperação com outros órgãos públicos, como Cidasc, Ceasa, IBGE, Banco Central e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Outra parcela dos bancos de dados é construída pelos próprios setores da Epagri e da Secretaria da Agricultura e Pecuária (SAR).
Mas muito além de reunir dados, o Observatório faz o cruzamento de informações e as submete a um minucioso processo de crítica. Esse trabalho fica a cargo de analistas com experiência no agro catarinense. Com “leituras” bem fundamentadas, o usuário tem melhores condições de planejar, avaliar e tomar decisões sobre os rumos do seu negócio ou até mesmo de um setor inteiro.
As informações estão organizadas em sete áreas temáticas: comércio exterior, desempenho do agro, desenvolvimento rural, infraestrutura de apoio à produção, mercado agropecuário, políticas públicas e produção agropecuária. O portal também traz notícias e publicações técnicas e científicas baseadas na análise dos números.
As consultas ao Observatório facilitam o trabalho em diversos setores do governo, de empresas e instituições ligadas à agropecuária. Na Diretoria de Qualidade e Defesa Agropecuária da SAR, os acessos são diários. De acordo com a diretora Daniela Carneiro do Carmo, a equipe consulta, principalmente, registros históricos sobre as safras e criações em municípios e regiões catarinenses, além das exportações de produtos agropecuários.
“Essas informações servem, entre outras coisas, para avaliar pedidos de indenização junto ao Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) e para subsidiar pareceres técnicos, solicitados, por exemplo, para embasar a proposição de Projetos de Lei ou ações de órgãos de fiscalização”, detalha Daniela.
A diretora conta que, antes do Observatório, a equipe precisava entrar em contato diretamente com os setores responsáveis pela coleta de dados. “Era um processo mais demorado e que acabava sobrecarregando as pessoas responsáveis, que eram demandadas a cada novo parecer. Agora, temos à disposição os dados mais atualizados”, explica.
Outro benefício é que os gráficos e as tabelas disponíveis no site, que demonstram a evolução de safras, rebanhos, políticas públicas, entre outros dados, ajudam a ilustrar cenários em reuniões e apresentações sobre o agro catarinense. “Muitas vezes, os gráficos e as imagens nos auxiliam a explicar questões complexas. Por exemplo, estamos em processo de erradicação da brucelose bovina no Estado. Nós sabíamos que, por algum tempo, os casos aumentariam devido à busca ativa. Depois chegaríamos a um platô e, na sequência, um decréscimo. Esse é um comportamento comum do processo de erradicação de uma doença, mas ver esse movimento nos gráficos dá mais força ao argumento”, conta Daniela.
O engenheiro-agrônomo Otacílio Pasa, do município de Xanxerê, também consulta periodicamente o Observatório. Ele conta que as informações ajudam a decidir o que plantar na propriedade e, também, nas orientações que repassa aos agricultores. “Quando, por exemplo, um produtor vem nos consultar com dúvida sobre se é vantagem plantar feijão ou não, se é melhor plantar um pouco mais ou um pouco menos, uma das fontes que consulto é o Observatório. Ali tem histórico, previsão de safras, tem uma radiografia de como o mercado se comportou nos últimos meses e também uma projeção de tendências”, explica.
O agrônomo diz que as informações apoiam suas orientações técnicas para que os produtores rurais tomem as melhores decisões para rentabilizar suas propriedades. “Às vezes, no entusiasmo, a partir do que circula na região entre os produtores, o agricultor acaba plantando mais do que é compatível com a sua capacidade de produção porque o preço promete. Porém, às vezes, o preço não corresponde. Ou seja, ele poderia ter plantado um pouco menos e ter obtido um lucro maior”, conta.
Os dados também colaboram no embasamento de projetos técnicos para investimentos decorrentes de financiamento bancário e projeções de capacidade de pagamento. “Quando há necessidade de fazer algum laudo de prorrogação de alguma parcela de financiamento, por exemplo, às vezes nos é pedido um histórico ou mesmo um contexto regional para ver se o produtor está dentro daquilo que aconteceu regionalmente ou não”, explica Pasa.
O Observatório Agro Catarinense está sob gestão e responsabilidade técnica do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri. O arranjo interinstitucional para a criação do Observatório envolve as empresas públicas vinculadas à SAR, além de uma série de organizações governamentais com as quais foram estabelecidos termos de colaboração para o acesso a dados.
O website atual apresenta a primeira fase do projeto, que contou com recursos do Fundo de Desenvolvimento Rural/SAR e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). O aprimoramento é contínuo, buscando atender às demandas da sociedade. Para este ano, já estão previstas novas funcionalidades.
Fonte:Por ACOM | Epagri / Por Cinthia Andruchak Freitas – jornalista da Epagri
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